Meu amor de carnaval este ano foi Brasília inteira.
É que aquela alegria de viver tipicamente carnavalesca, que brota no peito da gente segundos depois de dançar abraçado ou cantar junto com um solene desconhecido metido numa roupa ridícula, em mim transbordou numa vontade incontrolável de andar e andar pela cidade afora. No dia do Vai Quem Fica, andei oito quadras fantasiada, atravessei o Eixão acompanhada de um abacaxi ambulante, num entusiasmo do nível: abraçando árvore. No dia do Aparelhinho e Divinas Tetas (ai, meu coração) desbravei caminhos ocultos do SCS pro SBN, passando pelo Eixão tombado e por metade dos cartões postais desta cidade.
Das alegrias bestas da vida que a gente esquece sempre: a cidade é nossa e é pra ser vivida assim, gastando sola de sapato, espalhando confete, interagindo com estranhos. Com o coração transbordante por todo ser humano fantasiado que cruza nosso caminho.
Quarta-feira chegou trazendo também uma profunda gratidão pelos heroicos blocos de carnaval que nos dão, junto com a música e a alegria, essa oportunidade de ouro da gente ocupar e viver essa cidade. É que trago notícias dos bastidores. Dos ensaios de orquestras. Das reuniões de produção. Não é nada fácil, galera. Nada, nada fácil.
Essas turmas aí ensaiam por horas, dias, semanas. Se organizam pra participar de editais, agitam fornecedores. Têm de resolver trilhões de pepinos de última hora pra fazer essas festas bonitas para gente. Esbarram em atrasos, erros, falta de compromisso de um bocado de gente. E se sai lindo desse jeito – e como sai – é quase por milagre. Milagre do deus das festas, do deus do carnaval, das divindades da alegria. Axé a todos esses deuses – e obrigado de todo coração a cada organizador de bloco, a cada defensor anônimo do nosso carnaval, em nome de cada cabeça que aparece nessa foto aí de cima.
Foi lindo. Vocês são foda. Meu coração é pura purpurina e a gente só tem a agradecer – e esperar o ano que vem.
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Daniela Cadena Henrique de Ara
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Clarissa Teixeira Santos