Este convite não é para você

Em 22 de outubro de 2018 por Carolina Nogueira

Se você lê o Quadrado, se está sempre aqui com a gente, muito provavelmente sabe o que pensamos sobre as eleições do próximo domingo.

Somos, até hoje, 188.200 pessoas que lemos e mais de 100 mil que compartilhamos o post da Dani, Por Que #EleNão. Tamanha adesão nos dá motivos para acreditar que a imensa maioria de nós faz parte dos 40% de brasileiros que, segundo as pesquisas mais recentes, vai apertar o 13 na urna no próximo domingo.

Temos claramente um lado, mas não somos um grupo homogêneo. De petistas convictos a liberais revoltados pela realidade do Brasil estar obrigando eles a votar no PT, vamos votar no Haddad pra tentar evitar o fascismo, a ameaça democrática, os ataques a minorias, a aventura política irresponsável que o Bolsonaro representa. E hoje, a seis dias do segundo turno, não é com nenhum de nós 188.200 que eu quero falar.

É com alguém que faça parte dos outros 60% da população. Os irremediavelmente decepcionados com o PT. Os que acham que o Brasil pode virar uma Venezuela. Os que acham que, em algum momento, existiu no Brasil o que se convencionou chamar de “kit gay”. Os que têm medo da violência e confundem a truculência do Bolsonaro com capacidade de mudar isso.  E eu sei que tem alguém aí do seu lado, no trabalho, no grupo de whatsapp da família, na sua sala da faculdade, que te repete exatamente esses argumentos.

Nós precisamos conversar com essas pessoas. Não só para tentar virar o voto, mas para retomar a prática da construção democrática que é baseada no diálogo. Precisamos ter a coragem de reagir ao grito animalesco com conversa, com a fala, com o discurso, com a razão. Palavra: a mais humana das invenções.

De hoje a quarta-feira, três cafés da cidade realizam um Aulão Contra Fake News. Um ciclo de palestras sobre temas que marcaram esta campanha e sobre os quais a gente precisa conversar com os indecisos, com os que votam nulo convictamente, e mesmo com pessoas que votam no Bolsonaro. A ideia não é impor nenhum ponto de vista, mas discutir, debater, pensar junto – até pra gente mesmo revisitar nossas ideias, praticar o debate, lembrando que debater é construir, e que ideias fixas morrem.

Precisamos fazer isso não só pensando no próximo domingo, mas pensando no próximo Brasil que teremos pela frente, aconteça o que acontecer. Chegamos às portas da barbárie e, não importa o resultado das urnas, precisamos ajudar a construir o caminho de volta ao estado democrático de direito, à cidadania, à democracia. Isso é tarefa urgente – pros próximos dias, mas não só. Pras próximas décadas.

Convida seu indeciso preferido pra um café essa semana. Vamos virar esse voto e reconstruir nossas relações.

Foto e caligrafia lindas da @_maribo e @queroflo

 

Bora?

Aulão Contra Fake News

Hoje, 22/10,  19h30 no Objeto Encontrado
CLN 102 Bl. B Bloco B
Debate sobre economia, comparando os planos de governo dos candidatos do PT e do PSL e suas possível aplicações praticas em nossas vidas, com presença de economistas com experiencia no setor publico ajudando a mediar a conversa.

Amanhã, 23/10, no ANTONIETA
SCRN 709/708 Bloco G Loja 20
Debateremos o polêmico projeto escola sem homofobia e o mito do kit-gay com Raquel Lima Stepanski

Quarta-feira, 24/10, no Los Baristas . Casa de Cafés
SCLN 404 Bloco C Loja 38
Vamos discutir Direitos Humanos com Paulo Parucker


  • Romulo Alves

    Poxa, infelizmente sou do time dos indecisos mas que não votaria de forma alguma no Haddad. Da mesma forma que não acredito no “kit gay”, que o Brasil vai virar uma Venezuela também não acredito que no facismo do Bolsonaro, nessa ameaça democrática e nos ataques a minorias. Na minha opnião, a “fake news” está em ambos os lados. Se queriam tanto que o Bolsonaro não estivesse nessa situação, os que se dizem ser de “esquerda” mas não são partidários(o que duvido muito), poderiam ter votado no Ciro ou Amoedo. Infelizmente o “PT” conseguiu manipular mais uma vez as eleições. Sou do time “#ptnuncamais e também #elenão. Triste realidade.