Domingo de tarde. No silêncio dos primeiros metros da W3 Norte, um grupinho de torcedores aguardava para atravessar. Dois, três, quatro – devidamente uniformizados, uma bandeira nas costas. Mais na frente, outro grupo. Mais adiante, outro ainda.
Abri um sorriso de verão. Me senti de férias.
Também quero saúde padrão Fifa, mas preciso admitir: eu adoro o clima de domingo no Rio que o novo Mané Garrincha trouxe para Brasília.
Me chame de alienada, não ligo. Construí todo meu repertório de palavrões vendo meu pai assistir jogo na tevê com o áudio do radinho de pilha devidamente sintonizado na rádio Globo – futebol faz parte do meu universo afetivo.
Adoro ir a estádio, adoro torcedor de futebol, adoro as explosões de emoção tanto quanto adoro cada aaaaaahhhhh, cada uuuuuuuhhhh dos gols quase feitos. Adoro o entusiasmo exagerado das discussões saudáveis entre vascaínos e flamenguistas, botafoguenses e fluminenses, gremistas e colorados, e adoraria mais as de corintianos e palmeirenses se eles não saíssem tanto no tapa.
Claro que é pena que o nosso futebol autenticamente brasiliense não seja tão empolgante, mas quem é daqui não liga de torcer pros times de outros cantos. Do Rio então, nem se fala.
Porque, né?, não posso perder a piada. A piada do brasilioca, um tipo querido de brasiliense, conhece? Chiam mais que chaleira quente, nunca moraram fora do Plano Piloto mas descrevem as ruas de Ipanema como se tivessem nascido em plena Vieira Souto, empregam com marra as gírias cariocas antes mesmo delas descerem o morro. E quando alguém pergunta: “você é carioca?”, eles abrem um sorriso de verão igual o meu e respondem: “não. Meux paix.”
Vai, pode dar um sorrisinho de identificação.
Brasilioca ou não, amanhã tem Brasil aqui em Brasília. Tem sempre a polêmica entre quem vai pro estádio ou quem vai pra rua manifestar. Defendo os dois. Mas mesmo que estiver na rua, admito: vou torcer. E, se tudo der certo, vou comemorar.
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Mariana