Pessoa + inquietação + mobilização

Em 19 de julho de 2018 por Carolina Nogueira

O que pode uma pessoa com uma inquietação e alguma capacidade de mobilização? Muito. Em Brasília, com tantos espaços públicos disponíveis, pode ainda mais.

Sempre me encantei com iniciativas comunitárias – e como pessoas comuns, sem mandato, sem voto e sem salário decidem transformar a realidade ao redor. Elas não podiam ficar de fora da Feirinha do Quadrado.

Mas à medida que organizava essa segunda Mesa Quadrada, as iniciativas legais de ocupação comunitária dos espaços públicos se multiplicaram como coelhos. Me recusei a considerar isso um problema – e convidei todas elas. Todas. Dez iniciativas. Rebolei pra mediar essa conversa, mas o resultado foi lindo.

Ouvindo essa galera, cheguei a uma incrível conclusão: o que move as pessoas que fazem coisas grandiosas e coletivas é um desejo bem individual – quase egoísta, se me permitem uma palavra extrema – de fazer algo que faça muito sentido pra elas. O coletivo é que faz ter sentido, mas não é errado (ao contrário, é o que faz dar certo) batalhar por aquela transformação que te faz pular da cama.

O Julierme Oliveira contou pra gente que foi porque queria um lugar melhor pra viver e trabalhar que o luthier Mestre Dico transformou o Mercado Sul, em Taguatinga, em uma rua de ocupação e transformação pela Cultura. Foi procurando uma saída pra ela mesma poder andar na rua de maneira segura que a Amanda Sicca pensou numa solução pra que o Eixão deixe de ser uma barreira invisível do trânsito de pedestres no fluxo Leste-Oeste da Cidade.

Foi pra fazer com que todo mundo visse o Setor Comercial Sul com o olhar que o pai dele ensinou pra ele que o Caio Dutra desenvolveu o Setor Criativo Sul. Foi pra estar com gente que, como ela, acredita na transformação da sociedade pelo cultivo do alimento que a Bruna chegou ao projeto Re-Ação.

Então ponto um: acredite no que você ama, mais do que pensar no impacto que quer fazer.

Perguntei, então, pra essa turma, como fazer pra mobilizar pessoas e manter essa turma engajada. Ouve as dicas:

– Passe demandas, lembra o Caio, do SCS. Envolva a pessoa que está junto com você, peça um resultado claro, cobre dela, e faça ela passar demandas adiante também.

– Ouça quem está com você e se conecte com os propósitos da sua comunidade, sugeriu a Mariana Behr, da Gincana Oásis.

– Dica do Thiago Ávila, do Povo Sem Medo: dê às pessoas a noção de que fazer uma parede não é fazer uma parede – é transformar algo coletivamente. Fazer o pequeno sem perder de vista a visão do grande.

– Faça o evento em que você gostaria de comparecer, lembrou o Silvino Mendonça, do Kinofogo, bem na linha da minha primeira conclusão sobre esta Mesa.

Vocês viram que eu subverti a ordem, né? Contei pra vocês os resultados da nossa Mesa antes de apresentar nossos participantes. Foi de propósito, pra pescar vocês pela força de tudo o que foi discutido. Semana que vem vou escrever mais sobre essa galera, apresentando essas iniciativas incríveis.

Aproveito pra divulgar aqui os podcastas das nossas Mesas Quadradas. <3

A Mesa Quadrada sobre o FAC e essa segunda Mesa Quadrada sobre os espaços públicos estão no Soundcloud (quem esteve lá sabe: essa segunda gravação começa no meio porque a energia caiu e comprometeu nossos planos lindos de ter podcasts perfeitos dos debates para toda a eternidade). Um super brigada ao Gustavo Amora, da Comova, que gravou com o maior carinho os podcasts dos debates pra mim. <3

A Feirinha do Quadrado foi patrocinada pelo Fundo de Apoio à Cultura do DF (FAC).