O que você quer mudar em Brasília?

Em 24 de julho de 2018 por Carolina Nogueira

Desde que este site existe, este é nosso mantra: a cidade é do tamanho que a gente quer. Mobilizando as pessoas certas, podemos – e devemos – transformar a realidade ao nosso redor.

Nossa segunda Mesa Quadrada na Feirinha foi um desfile de iniciativas incríveis, que mudam a cara da cidade. Vamos mostrar um pouco do que fazem essas pessoas, ajudando vocês a engrossar esse caldo de gente mobilizada da cidade – seja pra se juntar a alguma dessas iniciativas maneiras, seja pra começar sua própria revolução. Lembrando que a Mesa Quadrada, e a Feirinha, só foram possíveis graças ao patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) do DF.

Amanda Sicca
Já pensou em instalar semáforos no Eixão? Antes de fazer essa cara, pensa comigo sobre o problema que a arquiteta e urbanista Amanda Sicca quer solucionar: o trânsito de pessoas no fluxo leste-oeste na cidade, impossibilitado pela existência do Eixão, essa parede invisível que, com seus 80km/h de trânsito livre, impede a circulação de pessoas. A solução pensada pelos idealizadores da cidade, passarelas subterrâneas, são necessariamente inseguras e se mostraram ineficientes. A Amanda fez uma conta que mostra que, funcionando apenas fora dos horários de pico, os semáforos aumentariam em poucos minutos o trânsito Norte-Sul dos carros – e revolucionaria a possibilidade de trânsito de pessoas e bicicletas. Poucos minutos de um lado – trânsito livre de pessoas de outro, com efeitos evidentes no aumento da ocupação das ruas e consequente aumento de sensação de segurança, com mais gente andando a pé. Amo muito quem pensa fora da caixa.

Mercado Sul
O Mercado Sul Vive é o exemplo perfeito de mobilização de uma comunidade, revitalização de uma área, engajamento na ocupação de um espaço público da rua. Em Taguatinga, o que era um mercado livre meio abandonado virou um ponto de encontro das artes, com oficinas, shows, lojas, discussões. São poucas iniciativas que conseguem fazer isso: uma ocupação efetiva, que vai muito além de um evento.

Re-Ação
Conscientizar as pessoas sobre o ciclo da alimentação saudável, engajar vizinhos no cultivo de alimentos para uma coletividade: a horta comunitária e agrofloresta instaladas pelo projeto Re-Ação em plena 206 Norte são excelentes exemplos de mobilização de uma comunidade. É um trabalho de formiguinha, de todos os dias – e que por isso mesmo mostra a força que a comunidade pode ter na ocupação responsável do espaço público.

Jogo Oásis
Como engajar uma comunidade na transformação de um espaço público? Pra revitalizar uma praça, por exemplo? Com uma metodologia muito própria, o Jogo Oásis encontra os pontos fortes de qualquer comunidade, e potencializa essas forças focando na resolução de problemas. Até uma creche já foi construída assim! Ouvindo a Mariana Behr, que representa a gincana aqui em Brasília, me dei conta da força e potência de ação de uma comunidade, independente de poder público. O fato de existirem iniciativas assim me enche de esperança, me parece o indício de que uma outra sociedade é possível.

Povo Sem Medo
Um pessoal no Sol Nascente, Ceilândia, recebeu lotes para moradia – e só. Sem dinheiro para construir as casas, eles encontraram o pessoal do movimento Povo Sem Medo, que organiza mutirões de bioconstrução em comunidades carentes. São projetos de casas construídas do tijolo às paredes e telhados, com uma tecnologia toda pensada para aproveitamento de água das chuvas e reuso das águas cinzas. Um pessoal que luta contra o preconceito e por uma moradia totalmente conectada com um mundo mais equilibrado e consciente.

Setor Criativo Sul
O Setor Comercial Sul vive um momento de revitalização e de transformação. O pessoal que já organiza o SCS Tour (um passeio a pé para descobrir a cidade) e que, no Carnaval, levou pro setor mais empresarial da cidade uma boa dose de folia com o Setor Carnavalesco Sul, agora prepara um super festival, que vai reunir uma série de mesas redondas e palestras, para unir várias iniciativas incríveis da cidade. Mais uma mexida na cidade que surge no SCS.

Kinofogo
É possível despertar o olhar de uma comunidade para o cinema, além dos blockbusters e filmes fáceis de Hollywood? Parece que sim. Além de realizar um cineclube incrível no Córrego do Urubu, o Kinofogo realizou também edições de cinema ao ar livre, no Paranoá e no Varjão, usando o cinema para reunir pessoas da comunidade, fazendo uma integração inovadora delas na paisagem do espaço público.

Caminhada da Joaninha
Uma das várias iniciativas incríveis do MOB (Movimente e Ocupe seu Bairro), a Caminhada da Joaninha propõe a descoberta do espaço público para crianças, levando os pequenininhos a entender o que é o espaço ao redor deles, tomando consciência sobre sua responsabilidade pelo que é de todos. Ao mesmo tempo em que trabalha a conscientização do espaço público e a área tombada de Brasília, me encanta pensar como podem crescer essas novas gerações que têm acesso a essa consciência.

Quarta Dimensão
Um projeto que pretende ocupar com música espaços que estavam abandonados no centro de Brasília. Já passou pelo Teatro Dulcina em 2016 e desde o ano passado ocupa o Espaço Galeria, primeira boate gay do DF que estava fechada.

Associação de Skate da Capital
Uma galera que, com o skate, a partir da ocupação do Setor Bancário Sul, e passou a se organizar para perenizar a ocupação saudável daqueles espaços, em torno do esporte. Cresceu para além do SBS, e hoje mantém uma escola para a comunidade, envolvendo jovens nesse esporte e incentivando a ocupação dos espaços públicos com o skate.

Palco
Criada no Varjão, o espaço Palco também é conhecida como Comparsaria Primeira De Talentos e acolhe projetos sócio-educativos, culturais, esportivos, ambientais, e programas voltados à saúde da comunidade.

  • Luciana

    Só estou lendo agora sobre A Feirinha do Quadrado, gente! rs Deve ter sido ótimo o evento! Parabéns!
    Nosso projeto, o Inglês na Estrutural, ocupa as escolas públicas da Cidade Estrutural com voluntários aos sábados pela manhã 🙂
    [Vocês ajudaram na divulgação da nossa chamada por voluntários em 2016 😉 E ainda estamos aí, chamando novos voluntários todo semestre, agora com 17 turmas, e mais de uma centena de voluntários por semestre: volunteachers (profs de inglês), volunteam (equipe que organiza material, serve lanche, etc), equipe de Quiet Time (práticas de atenção plena dentro da aula) e coordenação]
    Espero que puxem mais eventos assim! sempre bom ter oportunidades para debater a cidade que queremos, aproximar pessoas com projetos bacanas, trocarmos experiências e aprendermos juntos <3

    • Carolina Nogueira

      Que lindeza sua mensagem, Luciana! Vamos voltar a falar do projeto de vocês aqui!! Depois manda um email pra gente contando mais de a quantas anda o projeto. Beijos!