Não é segredo pra ninguém desde que este site existe: nós achamos que deve.
A Lei do Silêncio que está em vigor em Brasília desde 2008 prevê um limite de ruído nas entrequadras a partir das dez horas da noite de 55 decibeis. Como você pode ver aqui neste vídeo maravilhoso, este é um limite incumprível. Como já disse a Dani, em tese, se o GDF quisesse, multaria a cidade inteira.
Na prática, o que acontece é que é multado quem o governo ou os vizinhos querem que seja multado. Há superquadras – e blocos específicos – que se especializaram em acionar a Agefis. Já colecionamos na memória bares e restaurantes que eram pontos culturais fundamentais na cidade e que fecharam as portas por causa das sucessivas multas. Se existe outra definição pra palavra arbitrariedade, desconheço.
Mais uma vez a Câmara Legislativa discute o assunto e, agora, parece que é pra valer. Tem votação marcada para a próxima terça-feira, 6/3, de um projeto que flexibiliza a Lei do Silêncio. Atenção: flexibiliza, não acaba. O que queremos aqui não é 8 nem 80 – é apenas uma lei que possa ser cumprida, que puna excessos, e não sirva de argumento pra ações arbitrárias.
Então a gente aproveita que hoje é sexta para te mobilizar. Hoje quando você sair e ouvir música em algum barzinho e a música acabar às dez da noite, pensa que isso não precisava ser assim.
Pensa como a música de Brasília está no DNA desta cidade. Das bandas de rock de antes e de hoje ao Clube do Choro, da Escola de Música à Escola de Choro Raphael Rabello, nós somos um povo que faz música e que consome música, música boa, música nossa. E não existe música sem músico. A música sem espaço não existe. A música sem público não existe.
E o que a gente pode fazer? Pode acompanhar a sessão de discussão na Câmara Legislativa, terça-feira, às 15h. Pode mandar um email ou até ligar para todos os deputados distritais dando sua opinião. Pode divulgar este ou qualquer outro texto sobre o tema, de preferência usando a #MúsicaNÃOÉBarulho.
Como diz meu amigo Ivanzinho, ninguém muda o mundo torcendo por mudança, não. Ninguém dá uma cidade melhor pra gente – a gente é que tem que ir lá fazer ela.