Faz alguns meses que a minha relação com a casa anda um pouco abalada. Nada de grave, a gente ainda se ama, mas sabe quando a coisa dá uma acomodada? Quando o olhar já se acostumou com as qualidades e pede novidade? Ando assim, meio distante, tentando encontrar um jeito de reascender essa história, sem saber por onde começar.
Enquanto não chego a certeza nenhuma, resolvi retomar o nosso espaço “faça você mesmo” e sugerir uma mudança na sua casa. Já que eu não consigo resolver o meu problema, quem sabe ajudo a resolver o de alguém. Vai que você tá aí, na mesma crise existencial que eu, né?
A sugestão é a seguinte: usar lambe-lambe no lugar de papel de parede. É baratíssimo, fácil de aplicar e ainda fica bonito. Tudo o que você precisa é:
– uma vasilha ou bacia
– diluir cola branca em água, na mesma proporção: se usar 500 ml de cola, diluir em 500 ml de água
– e um rolo de espuma para pintura.
A estética lambe-lambe, que tem origem na propaganda popular (o bom e velho cartaz de muro), é uma coisa meio roots. Acabamento mal feito, letra borrada, desenho com falhas. E, por algum mistério do universo, esse é que é o charme da história. No processo original, o cartaz é impresso em uma máquina super antiga, que vai carimbando um rolo imenso de papel – não sei se isso ainda existe em Brasília, se alguém souber, avisa!
Mas você pode criar a estampa que quiser e mandar imprimir, e nem precisa ser na tipografia clássica do lambe-lambe. Eu já vi gente usando papel de jornal e estampa geométrica que, no fim, parece um papel de parede mesmo. Dá pra usar até papel de presente.
Quanto mais fino o papel for, mais enrugadinho ele vai ficar quando você passar a cola com água – o enrugado faz parte da personalidade do lambe-lambe, e eu acho lindo. Também é possível comprar pronto, algumas lojas vendem pela internet (como esta), mas aí vai encarecer o processo.
Galeria
No meu caso, consegui alguns quando fui a São Paulo e visitei a galeria Choque Cultural. Eles costumam divulgar, na fachada da própria galeria, as exposições com esse tipo de cartaz. Aí perguntei, como quem não quer nada, se não tinha sobrado algum lambe-lambe de mostras antigas. Pra minha sorte, tinha, e de vários tipos diferentes.
Chamei duas irmãs pra me ajudar na tarefa e a gente passou uma tarde cortando, colando e se divertindo. No começo, achei que daria pra calcular, previamente, o resultado final. Cheguei a fazer um teste no chão, usando as dimensões da parede, mas quando começamos percebi que tinha de mandar o TOC pro espaço e seja o que deus quiser. Fomos montando na intuição, até preencher a parede toda, e ficou melhor do que imaginava.
A ordem das coisas é: passar o rolo na mistura de cola com água + passar o rolo na parede + colocar o papel + passar o rolo novamente em cima do papel. Repita essa ordem com todos os papéis, e pronto. A parede dura – a minha já tem dois anos e tá ótima – e dá uma esquentada na sua relação com o apê.
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Renata Cristina Brandão
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Débora