Brasília segundo o cinema

Em 25 de outubro de 2012 por Dani Cronemberger

Como parte da programação comemorativa de 50 anos da Universidade de Brasília, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo promove de hoje até sábado a mostra de filmes “UnB 50 anos: luz, câmera, Brasília”, no Museu Nacional. É uma coletânea de respeito da memória audiovisual da cidade: são 12 filmes, produzidos entre 1966 e 2011, a maioria documentários. Uma reunião de registros históricos, que revelam detalhes da construção da cidade e da UnB, e de depoimentos sobre a identidade do brasiliense e a influência da arquitetura na nossa forma de se relacionar.

Um dos filmes mais recentes da mostra é “Braxília”, de Danyella Proença, que se centra no olhar do poeta Nicolas Behr sobre a cidade. E um dos filmes mais antigos é uma raridade: “Brasília, contradições de uma cidade nova” é um curta de Joaquim Pedro de Andrade, filmado em 1967 a pedido da empresa Olivetti, que queria um registro poético da nova capital. E foi isso que o diretor de Macunaíma fez, mas só na primeira metade do filme, o que fez a Olivetti rejeitar o curta e engavetá-lo por décadas.

O descontentamento da empresa veio com a “liberdade poética” do diretor na segunda parte do filme. Depois de documentar a beleza das superquadras e dos palácios de Niemeyer, ao som de Erik Satie e narração de Ferreira Gullar, Joaquim faz um corte abrupto. E a câmera passa a focar nos imigrantes e operários, nos assentamentos precários e na falta de perspectiva dos estudantes, em uma UnB sufocada pela repressão. Se arrependimento matasse, hein Olivetti.

A mostra tem também “Fala Brasília”, filmado por Nelson Pereira dos Santos em 1966, com as impressões dos imigrantes sobre a cidade recém construída. Trinta anos depois, Maria Augusta Ramos filmou “Brasília, um dia em Fevereiro”, com um novo olhar sobre as distâncias, o excesso de espaços e a falta de praças da capital, e o que isso tudo provoca em nós.

O bacana do evento é que, todo dia, a exibição dos filmes será seguida por um debate com diretores e especialistas sobre a seguinte questão: até que ponto o cinema contribuiu para a formação de uma imagem fiel à Brasília e à universidade?

Bora?
UnB 50 anos: luz, câmera, Brasília
Mostra de cinema no Museu Nacional
Complexo Cultural da República, Esplanada dos Ministérios
De 25/10 a 27/10
Quinta e sexta, às 18h30. Sábado, às 15h30.
Foto: Cedoc/UnB

Programação:

Quinta, dia 25
18h30
Tema: UnB e o contexto de Brasília
Filmes: Vestibular 70 (1970, 15 min), de Vladimir Carvalho; UnB: 1ª experiência em pré-moldados (1970, 19 min), de Heinz Forthmann; Kiss Kiss Kissinger (1981, 18 min), de Jimi Figueiredo; Dois Candangos: A história passou por aqui, de Armando Bulcão e Tânia Montoro (1997, 32min).
Debatedores: Tânia Montoro, Pablo Gonçalo, Claudio Queiroz, José Carlos Coutinho, Jimi Figueiredo e Denise Moraes.

Sexta, dia 26
18h30
Tema: Brasília ontem e hoje
Filmes:Brasília, contradições de uma cidade nova (1967, 22 min), de Joaquim Pedro de Andrade; Memórias finais da República de fardas (2008, 38 min), de Gabriel Marinho; A cidade é uma só? (2011, 73 min), de Adirley Queirós.
Debatedores: Vladimir Carvalho, Adirley Queirós, Silvana Olivieri, Aldo Paviani, Sylvia Ficher, Gustavo de Castro

Sábado, dia 27
Tema: Brasília Cultura
15h30
Filmes: Fala Brasília (1966, 12 min), de Nelson Pereira dos Santos; Brasília, um dia em fevereiro (1996, 67 min), de Maria Augusta Ramos; A arte de andar pelas ruas de Brasília (2011, 17 min), de Rafaela Camelo; Oficina perdiz (2006, 20 min), de Marcelo Diaz; Braxília (2010, 17 min), de Danyella Proença.
Debatedores: Dacia Ibiapina, Wagner Rizzo, Reinaldo Machado, Iberê Carvalho, Rafaela Camelo.