Samba, arte e encontros: um novo SCS

Em 02 de junho de 2017 por Zuleika de Souza

 

Tem arquiteto que anda pelas cidades e vê os espaços públicos como possibilidade de interação das pessoas. Pedro Cariello é um desses – e além de arquiteto, é sambista, cantor, compositor e violonista.

Desde que começou a trabalhar no Setor Comercial Sul, em 2015, Pedro passava por uma praça na quadra 5, na direção do Hospital de Base. Olhava para a esquina do bloco B e imaginava como seria bom um bar ali, que ocupasse aquele espaço perfeito para uma roda de samba.

Em 2016, apareceu um bar que vende churrasquinho exatamente onde Pedro pensou. O contato com o dono e outros músicos foi fácil, e daí nasceu a roda Do Trabalho Pro Samba, que acontece sempre às sextas, na hora feliz da saída do trabalho.

Hoje, a roda de samba chega à sua 54ª edição. Na última sexta, teve Gabriela Tunes, Murilo Grossi, Rodolfo Miguel Dotinho, Sergio Lisboa, Matheus Ramos, Yann Rocha Fleury, Leo Benon, Pedro Cariello e quem mais chegava pra cantar e tocar.

Nas primeiras edições, pouca gente ficava em volta da mesa dos músicos. Com o tempo, a roda se tornou um grande evento, que precisa pagar músicos, alvará, banheiros, Ecad… E a praça fica cheia, com gente dançando, cantando, ouvindo, conversando, bebendo… Muita gente, de diferentes tribos, interagindo com o Setor Comercial Sul.

“Há moradores de rua que cantam com a gente; outros pedem o microfone pra fazer discurso, e é nosso papel garantir esse lugar de fala. Tem o Felipe, que mora lá, que escreve poesia. A gente ainda vai fazer um samba juntos. Acho que isso desmistifica muita coisa. A pessoa da classe média que vai lá todo dia e vê que nunca aconteceu nada de negativo, nenhum episódio de agressividade, isso quebra um preconceito”, disse Pedro no debate Mesa Quadrada, que a Carol moderou e depois contou tudo aqui.

Em sintonia com o pensamento do arquiteto, o Setor Comercial Sul vive um momento de revitalização: muitas pessoas pensam nele com carinho e realizam projetos bacanas como o Canteiro Central, espaço que já recebeu festas como Criolina e Mimosa.

Tem também o evento Q Cultural, uma parceria de órgãos do governo do Distrito Federal, a Associação Traços de Comunicação, que também começou a ocupar o setor às quintas-feiras, valorizando artistas da cidade.

E tem mais coisa legal chegando no SCS: no dia 8 de julho, o Coletivo Labirinto, junto com a startup Boomerang, vai reunir diferentes iniciativas criativas da cidade para que as pessoas possam se conhecer, estabelecer pontes e dividir experiências. No evento chamado HUB, vai ter palestras, workshops, feira de troca e, claro, festa.

Acho que tudo isso que está rolando no Setor Comercial Sul deixaria Lucio Costa feliz.