Rolê no Paranoá: antiguidades e tambaqui na brasa
Em 20 de março de 2017 por Zuleika de Souza
A Barragem funciona como portal da cidade do Paranoá. Passando por ela, vindo pelo Lago Sul, nos primeiros metros está a Churrascaria do Paranoá, aberta em 1956, durante a construção da represa. Era uma cantina de obra do seu Gomes Calixto, depois virou churrascaria frequentada pelo presidente Juscelino Kubitschek e se tornou um dos poucos passeios das famílias pioneiras.
Hoje, está igual às minhas memórias dos almoços de domingo da década de 1970. A casa de madeira poderia ser restaurada pelo Iphan, está precisando muito. Mesmo assim, o restaurante funciona tocado pelo filho do Seu Calixto, o Fábio, que atente os clientes todo paramentado com sua roupa de chef. Eles têm uma batata frita maravilhosa, descascada na hora e frita no tacho: sabor de infância. Além disso, cervejinha gelada e uma vista linda para o vale do Paranoá, com galinhas ciscando pelo terreiro.
Minha dica é começar o passeio cedo: passe pela churrascaria por volta das 9h, e encomende um tambaqui na brasa para o almoço. Rumo à cidade propriamente dita, entre na primeira entrada, no balão com grandes letras formando a palavra Paranoá. Você vai estar na Quadra 6, em uma avenida com várias lojas de móveis antigos, serralheiros e marceneiros.
Nessa rua, eram guardados os móveis que iam para as feiras de antiguidades do Plano, até que os depósitos se transformaram em lojas. Dá pra começar um garimpo pelas lojas do Seu Valdeck, que é especializado em mobiliário baiano e portas antigas. O Dimi tem um garimpão que guarda desde lambreta a xícara sem asa, de estola de vison a coleção de galinhas de porcelana, travessas, espelhos e coisas que você nem se lembra que existiram um dia.
Não se esqueça de levar artes que precisam ser emolduradas. O Alvino está lá em uma loja sem placa, mas fácil de achar. Há dois anos o moldureiro abriu seu próprio negócio, onde recebe muitos artistas e fotógrafos da cidade, ajudando na escolha das molduras e oferecendo um bom preço.
Descendo a avenida, tem a loja do Barbosa, com três andares de muitos móveis e peças históricas, como os móveis do Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, cavalos do carrossel do Tivoli, peças do Hotel Gloria e ainda muita prataria, louças e santos.
Dá pra esticar um pouco e passear pela principal avenida da cidade, onde tem um comércio superanimado: tem de tudo e ainda dá pra fazer feira. Bateu a fome? Pode ser a hora de voltar para a Barragem. O tambaqui já deve estar pronto…