Sobre criar asas

Em 11 de abril de 2016 por Carolina Nogueira

IMG_6973

Fazer 40 anos foi todo um processo e no meio dele, sem que seja consciente, comecei a me interessar por borboletas.

A fragilidade e a fome da lagarta, o casulo, as transformações que acontecem lá dentro. O casulo como fase de liquefação completa do corpo, para que seja possível o renascimento com asas. A delicadeza de saber que borboletas não podem ser ajudadas a sair de seus casulos – o esforço de se livrar da casca é que dá às asas o tônus necessário para que elas possam voar. A profundidade que é descobrir que um trauma físico na fase de lagarta (a perda de uma pata, por exemplo) não influencia nada na estrutura física da borboleta – enquanto um trauma “psicológico” (uma ameaça ligada a um determinado perfume) não se apaga da memória com a metamorfose. Sério: essas bichinhas são uma fábrica de metáforas para a vida.

A primeira vez que fui a um borboletário, no Pantanal Matogrossense, morri de emoção de ver casulos se abrindo, acompanhar aquele milagre ali, diante dos meus olhos. Daí que agora, na minha fase borboleta, quis saber se existem borboletários em Brasília. E eis que encontrei essa lindeza.

Fica no Zoológico de Brasília – e é lindo. Um jardim cheio de gotinhas coloridas, refrescante, cheio de paz. Flores por todos os lados, várias espécies de borboletas que eu nunca tinha visto na vida. Um pedacinho de jardim mais escuro, onde as borboletonas olhos-de-coruja estavam lindamente pondo seus ovos sem a menor cerimônia, pra quem quiser ver. Pra onde a gente olha, aquele voo feliz e colorido, a nos lembrar que sempre vale a pena renascer.

Um refúgio de lindeza. Um presente.

Bora?
Borboletário do Zoológico de Brasília
Avenida das Nações, Via L 4 Sul, s/n
Aberto de quinta a domingo, das 9h às 17h