Sabe o que me entristece mesmo? Não é o resultado, qualquer que seja ele. Nem é a desinformação que faz com que amigos que eu julgava esclarecidos pensem, até hoje, que impeachment vai resultar em eleição antecipada (não vai, impeachment = Temer presidente, Cunha vice). O que me entristece mesmo é esse medo todo.
Um muro com polícia e cachorro para separar quem pensa assim de quem pensa assado. Carros proibidos na Esplanada, as artérias de Brasília entupidas, as vicinais enfartadas, um derrame. Polícia para dizer onde pode ir, onde não pode ir. Nas ruas, nas quadras, nos corredores do Congresso. Essa generalização completa de um medo tristíssimo que já prende em shoppings, em camarotes, em carros mono-ocupados quem deveria estar na rua, vendo o outro.
Amigos que não vão sair de casa. Amigos que vão sair de casa com medo, mas vão. Amigos que vão sair de casa com ódio – e ódio é medo com outras palavras.
É só gente, gente. É só gente que pensa diferente de você. Não precisa agredir, não precisa ter medo de que ninguém te agrida. Não precisa ter medo de conversar, de discutir. Se vocês discordam, chama pra um sorvete – ou pra um passeio no Olhos d’Água, no Parque da Cidade, nas sombras das quadras da Asa Sul.
A cidade que foi construída sobre pilotis para que a gente pudesse circular livremente por seus espaços, a cidade que foi construída como um jardim, como um parque não combina com esse muro. Não combina com esse medo.
Vamos entrar em contato com o outro, vamos conviver.
* A imagem linda, que virou a foto do dia, é assinada pelo Lucas Levitan. Face: https://www.facebook.com/lucaslevitan/
Insta: @lucaslevitan
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