Existir sem o fiu fiu

Em 24 de maio de 2018 por Lara Haje

Você, mulher, já parou para pensar em que medida sua autoestima foi construída a partir do desejo público e explícito de homens por você? Você, homem, já parou para pensar que algumas mulheres podem não gostar nem um pouco de serem incomodadas com um assobio ou uma cantada quando estão andando pela cidade?

Não estou falando aqui contra a paquera, contra puxar conversa e possibilitar encontros afetivos e sexuais: isso é mais do que bem-vindo. Mas estou falando, sim, da necessidade de haver sinais de reciprocidade para a paquera existir.

Este é um debate com muitas nuances, já que algumas mulheres têm vindo a público para defender o que chamam de “sedução insistente”. Foi o caso das artistas e intelectuais francesas que assinaram manifesto contra a campanha #MeToo, que divulgou casos de assédio sexual nas redes sociais.

Entre essas mulheres, estavam a atriz Catherine Deneuve e a escritora Catherine Millet, que defende abertamente a “liberdade de importunar” (oi?). Ao meu ver, essas mulheres – construídas, como todas nós, sob as égides do patriarcado – vem a público expor a angústia de existir sem o desejo devoto e explícito dos homens, ainda que este desejo por vezes se mostre abusivo.

Esta apenas uma opinião rápida sobre um assunto que rende muita discussão e que inclui questões como a restrição do direito ao espaço público para as mulheres, já que não andamos tranquilas pelas ruas por aí, especialmente à noite.

E a possibilidade de participar deste debate acontece no próximo domingo (27), com a exibição no Cine Brasília do documentário “Chega de Fiu Fiu”, das diretoras Amanda Kamanchek e Fernanda Frazão. O filme mostra a vida de três personagens que, assim como todas as mulheres brasileiras, precisam lidar com o assédio constante nas cidades. Li que o documentário também traz entrevistas com vários homens, mostrando a visão deles sobre o assunto, e acho que esse diálogo é sempre interessante, no mínimo.

Depois do filme, está programado bate-papo com a diretora Amanda e com uma das personagens da história, a artista visual Rosa Luz. Também vão participar a subsecretária de Cidadania e Diversidade Cultural do DF, Jaqueline Fernandes, além de Iara Alves, da Coturno de Vênus (Associação Lésbica Feminista de Brasília), e Luana Ferreira, da Articulação de Mulheres Brasileiras. A entrada é franca, com distribuição de ingressos no local uma hora antes da projeção.

Em contrapartida à objetificação, aproveito para divulgar aqui outro evento em que mulheres são sujeito: a noite Minas de Rocha, na Zepelim Burguer, no Guará. Esta será a quarta edição de um projeto em que as minas são sempre protagonistas. Desta vez, participarão Lud (Power Rock Trio) e a DJ Rafaella Ferrugem, que super arrasa com seus rocks, discos e baladas, misturando tudo de forma bem livre.

De quebra, a Rafa diz que a Zepelim é a melhor hamburgueria da cidade.  Vamos provar?

Bora?

Chega de fiu-fiu
Cine Brasília – EQS 106/107 – Asa Sul.
Domingo, 27/5. Horário: 11h

Minas de Rocha 4
Zepelim Burguer
Guará 2, QE 40, lote 7.
A partir das 21h
Ingressos · R$ 10


  • Paula Moraes Bittar

    Lara, vc é demais!