Eu estava me preparando pra dormir no domingo de noite quando de repente começou a rolar uma serenata bem embaixo da minha janela. Poucas dezenas de pessoas paramentadas com aquelas capas de coral de filme, cantando músicas natalinas.
No meu mau humor habitual que celebra o término do fim de semana, eu me sentia com todos os motivos do mundo pra reclamar: era domingo de noite, a cantoria deu aos meus filhos a desculpa perfeita pra pular da cama (e recomeçar do zero a rotina do soninho) e, bom, música natalina é uma parada que está meio gasta, desde que a Simone fez de penico nossos ouvidos com todas as versões imaginadas das canções do papai noel.
Mas acontece que o pessoal começou a descer dos prédios para acompanhar o coral – uns com as expressões e os corações cheios de uma devoção convicta, outros interessados numa foto para postar no face, várias crianças com seus olhinhos curiosos. E foi então que aconteceu: aquele clima de vizinhança tão raro em Brasília se instalou no ar. Mais um pouco e as pessoas estavam mesmo se cumprimentando: feliz Natal!, feliz Natal!
Eu poderia dizer que eram só uns empolgados retardando em meia hora nossa rotina dominical – mas não foi, não. Rolou um momento fofo que teve muito mais de espírito natalino do que todas essas vitrines enfeitadas que não cansam de pipocar por aí.
Bora?
Imaginei que fosse, mas nem era a famosa Serenata de Natal da UnB – quem me acordou foi um grupo de uma igreja, até bem afinadinho. Para seguir a programação da Serenata, que começa a rodar a cidade neste final de semana, basta visitar a página deles no face, bem aqui.