Quando você tem 14 anos e uma quantidade gigantesca de matéria pra aprender – e o wi-fi de casa representa uma ameaça real à sua força de vontade – tudo o que você quer na vida é uma biblioteca. Apesar dos pesares, Brasília ainda oferece algumas opções pra essa turma (e pros concurseiros). O problema é o ambiente fechado, cinza, desanimado das bibliotecas em geral – e o efeito delas no nosso corpo e no nosso entusiasmo com o passar do tempo. A Biblioteca da 312 Sul sempre foi uma honrosa exceção à regra, com seu jardinzinho delicioso, que te convida ao mesmo tempo à concentração e a pausas contemplativas.

Tudo o que eu sei sobre celenterados aprendi nesse jardinzinho lindo. É que, véspera de prova bimestral, eu descobri ali um livro didático diferente do que a minha escola adotava – e muito melhor – que me fez adorar entender tudo sobre tentáculos e mesogleias das águas-vivas e medusas, transformando o que era um pânico desses bichinhos em um interesse genuíno. Pra você ver: o acervo tristinho das bibliotecas de quadra, com mais livros didáticos que entusiasmantes ensaios e livros de literatura contemporânea, tem, sim, o seu valor.

Pois hoje a Bibli da 312 reabre hoje as portas às crianças e adultos, reinaugurando um dos lugares mais legais da cidade pra estudar. Visitei o prédio no sábado e quase morri de susto quando vi uma água-viva gigante pintada na entrada da biblioteca. Parece que o grafiteiro sabia da minha história de amor com águas-vivas que aconteceu ali mesmo naquela biblioteca. Me senti homenageada.

Fica o convite: portas abertas a partir das 9h, pra quem procura um refúgio gostoso de estudo – e, sei lá seus interesses, algum livro didático sobre o reino animal.

PS: Fui informada agora há pouco que celenterados mudaram de nome pra cnidários. Perdoe a antigona aqui.