A praça é do povo

Em 10 de abril de 2013 por Carolina Nogueira

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Quantas vezes você já visitou a Praça dos Três Poderes? Quantas delas, ainda cheio de sono, já serviu de guia turístico para algum tio distante? Chegou lá, citou (errado) o nome de duas ou três esculturas, comprou um picolé e ficou rezando pro povo terminar logo de fotografar a bandeira, com um certo nojinho dos pombos dando rasantes na sua cabeça…

Se esse perfil de brasiliense preguiçoso não se aplica a você, parabéns. Porque eu preciso confessar que se aplicava a mim. Até ontem – quando, convidada a conhecer o novo passeio educativo-cultural promovido pela turma da Trilha dos Azulejos, fiquei boquiaberta de me ver turista na minha própria cidade.

A começar pela descoberta de que o prédio-monumento que abriga o busto de JK não é apenas um prédio-monumento. É o Museu Histórico da Cidade, que guarda textos lindos sobre a construção da cidade, a intenção, a visão, a vivência de vários dos grandes brasileiros que participaram desta aventura. Nunca tinha subido aquelas escadinhas apertadas. Nunca tinha visto. E não pude disfarçar a voz embargada ao ler certos trechos dos textos junto com meu filho.

Você sabe quais são os herois nacionais homenageados pelo Panteão? Sabia que, segundo o idealizador Lúcio Costa, o desenho da Praça imita uma palma da mão aberta, como se a Esplanada fosse um braço estendido, oferecendo os Três Poderes ao povo? Conhece os detalhes do projeto que deu origem à Brasília – e, melhor, já buscou saber quais foram os outros projetos que disputaram com o Plano Piloto do Lúcio Costa no concurso que escolheu as formas da nova capital? Já imaginou como poderíamos ter sido, se não fossemos um avião?

Eu só visualizei a verdadeira dimensão que a Praça dos Três Poderes carrega em si porque ontem, pela primeira vez, visitei a praça conduzida por essa lindeza de projeto que é o Visite a Praça. Idealizado pelas meninas da Tríade para estudantes da segunda fase do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, o programa fala uma língua sedutora e acessível a todos os públicos: a língua da alegria.

O grupo de teatro Companhia Colapso criou um texto incrível pontuado por canções muito bacanas para contar a história da construção de Brasília, da Praça e convocar a todos – estudantes, transeuntes, turistas – para esta ocupação absolutamente necessária do espaço público mais importante da cidade.

O projeto nasce junto com outro que parece ser ainda mais audacioso – se é que isso é possível: o Visite o Catetinho. Mas essa ação eu ainda não conheço pessoalmente – é uma relação platônica, por enquanto. Prometo voltar ao tema assim que me reapaixonar, pela milésima vez, pelo trabalho de valorização cultural e cidadã que essas meninas realizam.

Bora?
O Visite a Praça é um projeto de educação patrimonial, e já está sendo oferecido para escolas públicas do Distrito Federal. Escolas particulares podem entrar em contato por email.

E se você não for estudante nem educador mas um curioso como eu, e quiser dar uma incerta para acompanhar essa lindeza de trabalho, o Visite a Praça acontece toda terça-feira até o fim do ano letivo (com intervalo nas férias de julho), às 9h e às 14h30.