Pra repensar Brasília

Em 02 de maio de 2017 por Carolina Nogueira

Modéstia bem à parte, preciso confessar que nutro amor verdadeiro ao texto que eu e a Dani escrevemos pra definir o que viria a ser nosso Quadrado há nada menos que cinco anos. São alguns parágrafos que a gente escreveu quando paramos pra pensar no que a gente queria que fosse este site (na época, blog) e como gostaríamos que a cidade se transformasse, mudasse, se repensasse. Uma verdadeira carta de intenções que eu considero quase profética.

Muita coisa mudou nesse tempo, e o novo texto que nos define reflete muito disso: a gente ocupou a cidade. A gente introjetou um jeito ao-ar-livre de viver, de se divertir e até de empreender. Adoro pensar que, mais do que ver isso acontecer, nós fizemos parte. Muito bom. Mas eu quero mais.

Não posso evitar continuar refletindo sobre Brasília, seus espaços de confluência, a maneira como as pessoas se relacionam aqui, entre elas e com o espaço urbano. Minhas conversas com meus amigos são recheadas de mil perguntas e reflexões sobre isso.

Ocupar o espaço público indo a um evento fofo e hipster é tão efetivo pra construção da cidade que queremos quanto ocupar o espaço público espontaneamente? É verdade que a arquitetura de Brasília desagrega as pessoas? Os eventos nos espaços públicos são de fato públicos? Se são, por que a maior parte das pessoas nas festinhas são todas brancas e ricas e moram no Plano? Se não são, o que falta para que sejam?

É pensando nisso tudo – e debatendo, e construindo juntos – que a cidade se transforma permanentemente. E é por acreditar nisso que queremos criar vários espaços de debate. Não só aqui, virtualmente, mas na vida real também. Foi assim que nasceu o melhor (ou pior) trocadilho que eu já fiz na vida: a Mesa Quadrada – a mesa redonda do Quadrado. 🙂 Caso não tenha fica claro. 🙂

Quinta-feira, às 19h30, seremos recebidos pela turma do Experimente Brasília na Casa Experimente, que fica até semana que vem no térreo do Brasília Shopping. Vamos discutir se os eventos culturais realizados nos espaços públicos da cidade podem ajudar a fazer uma cidade menos estratificada socialmente.

Pra isso, convidamos o músico Pedro Cariello, um dos responsáveis pelo samba que acontece toda sexta no Setor Comercial Sul e é um lugar de confluência de vários públicos diferentes bem no coração da cidade. Chamamos também o Rogério Barba, ex-morador de rua e responsável pela ação social da Revista Traços. E, além deles, a professora de Urbanismo da UnB Gabriela Tenório, super atenta à arquitetura de Brasília e suas possibilidades de interação humana. Pretendemos que seja o primeiro de muitos debates muito construtivos pra repensar Brasília.

Você acha, hein?, que eventos culturais em espaços públicos podem ajudar a superar a sensação de que um abismo impede a convivência de diferentes grupos sociais em Brasília? O que você pensa disso? Passa lá pra discutir com a gente!

Bora?

Mesa Quadrada – A convivência cultural e a superação das desigualdades
Quinta, 4/5, às 19h30
Casa Experimente
Brasília Shopping, Térreo