No lugar do Caje, cultura

Em 15 de maio de 2014 por Carolina Nogueira

centrocultural

Você já parou pra pensar que, tirando a UnB, a Asa Norte não tem NENHUM espaço cultural público? Biblioteca? Cinema público? Teatro?

Eu nunca tinha pensado nisso. Até que um grupo de amigos começou uma bonita mobilização pela construção de um Centro Cultural na área do antigo Caje, Unidade de Internação do Plano Piloto, que foi finalmente demolido pelo governo no mês passado.

Quer algo mais simbólico? Abrir uma janela pra cultura, pros livros, pro crescimento intelectual e pro amor à sabedoria exatamente no lugar para onde, durante 38 anos, foram mandados adolescentes e jovens infratores?

Jovens que pegaram o retorno errado no caminho da vida, autores de crimes muitas vezes horrendos e que foram condenados a se distanciar ainda mais da sociedade, trancafiados na pior escola que existe. Histórias que poderiam ter sido diferentes se, quem sabe, eles tivessem tido uma biblioteca, um teatro, uma videoteca, um cinema onde se reunir, encontrar pessoas, fazer amigos, aprender.

O espaço do antigo Caje está lá, desocupado – e, como conhecemos muito bem o setor imobiliário desta cidade, sabemos que não vai permanecer assim durante muito tempo. São 63 mil metros quadrados que podem virar um novo empreendimento imobiliário para empilhar (ainda) mais gente naquela região do finalzinho da Asa Norte. Ou podem virar uma janela para a mudança de vida de milhares de pessoas.

Domingo, eu vou levar A Rua de Todo Mundo pra um evento cultural no Eixão Norte. Contadores de histórias para crianças, sarau de poesias e shows vão mostrar que já produzimos cultura, que tem gente querendo entrar em contato com música, poesia e literatura – falta só um lugar organizadinho pra isso.

Você pode achar que eu sou uma sonhadora boba. Mas eu não sou a única, não. O Parque Olhos d’Água, vale lembrar, nasceu de um sonho assim.

Bora?
Evento cultural em apoio à construção do Centro Cultural da Asa Norte
Domingo, 18/05, das 10h às 16h
Contação de histórias para crianças, sarau poético e shows
Eixão Norte, na altura da 112/212 Norte

**E o movimento pela reforma da Biblioteca Demonstrativa cresceu, viu? Obrigada a todos que assinaram a petição. Amanhã, ao meio-dia, vai rolar um abraço simbólico no prédio da BNB. Vamos lá?**

  • André

    Seria bom um espaço cultural, mas quem manteria o local? O centro cultural de maior sucesso em Brasília é o CCBB que é do Branco do Brasil. Eu acho que o terreno deveria ser dividido ao meio: uma metade seria para transferência da 2ª Delegacia de Policia (ao lado do Corpo de Bombeiros), e a outra, uma expansão do Parque Burle Marx com um Ponto de Encontro Comunitário, pista de cooper e ciclovia, espaço para eventos e praça de alimentação. Ja onde hoje é a 2ª DP (entre o Walmart e o Atacadão) poderia ser construído um Terminal de Ônibus e (futuramente) de Metro (que será extendido até o final da Asa Norte). Sei que existe um projeto de terminal rodoviário, mas num lugar pouco acessível, depois do Atacadão.

  • luciano

    A questão é que grande parte dos jovens que passaram pelo antigo CAJE vieram de cidades satélites que sequer tem um espaço adequado para a realização de qualquer evento cultural,além é claro de uma série de problemas sociais bastante comuns no nosso país. Sendo assim um centro cultural na Asa Norte não faria a menor diferença para esses jovens que necessitam de melhores perspectivas pois a cultura que necessitam estaria afastada da maioria deles do mesmo modo. Não sou contra a construção de centros culturais seja aonde for mas é necessária uma reflexão sobre quem realmente vai utiliza-lo.

  • Leonardo Shamah

    Oi, Carol!
    Li a matéria. Não sei como me expressar por que não quero ser estraga prazer, mas acabarei podendo me passar por um “balde de água fria”. Meu objetivo aqui nesse comentário é produzir diálogo, pensar junto e fervilhar ideias. Sempre morei na Asa Norte. Um fato é que nos últimos dez anos a Asa Norte cresceu muito e nos últimos cinco mais rápido ainda. Acho delicado afirmar que na Asa Norte não temos nenhum Centro Cultural como se tivéssemos em um outro lugar. Eu entendo a proposta da matéria, mas não consigo ver da mesma forma. Na Asa Norte, temos o Balaio Café que é um polo de produção cultural dentro da cidade, com reconhecimento até nacional, tem uma série de cafés que estão diretamente ligados com temáticas artísticas como o Objeto Encontrado na 102n, o Moebius na 114n, o Café do Chef na 108n, o Sebinho na 406n. Temos o pólo gastronômico na 412/413n e 213/214n, o complexo de bares da 408n. Durante muito tempo tivemos o Espaço Cultural Mosaico na 714n, que encerrou suas atividades esse ano, e ainda como Teatro , tem o Espaço Cena na 205n, além dos estúdios e ateliês que existem nessa rua. Uma importante lembrança é o frutífero final da AN com eventos como o Picnik, o Festival de Inverno e a Suave na lojas de discos Dom Pedro na 412n. O Teatro Mapati na 707n e por aí seguem lugares e ações que até eu morador daqui posso desconhecer. Poderia passar páginas listando atividades na Asa Norte. Daí, você levanta ao lado de algumas pessoas uma ideia de que a Asa Norte precisa de um Centro Cultural no lugar do ex-Caje. E com a sua ideia nasce na minha cabeça uma série de perguntas, que são: Pra que mais um Centro Cultural inutilizado como o da 508sul? Talvez a gente precise de um SESC? Que Centro Culturais temos na Asa Sul além das escolas de idiomas, mantidas por suas embaixadas? Será que a gente precisa de um centro cultural ou de uma estrutura de pensamento, divulgação, circulação e efetivação das atividades culturais que ocorrem na parte norte da cidade?
    Fico me perguntando tudo isso por que os coletivos de Artes visuais, assim como os grupos de Teatro, as produtoras de eventos e de audiovisual que em uma massa estão domiciliados na parte N da cidade estão submetidas a aluguéis altíssimos, ao incômodo de vizinhos e a outros fatores de ordem prática, impossibilitando uma maior fluidez cultural e artística. Eu fico pensando que um “inútil” centro cultural pode não mudar nada, mas que a conscientização da necessidade de coletivizar entre os geradores de Arte e Cultura e o público consumidor disso pode ser bem mais interessante. O governo já se mostrou incapaz de gerir esse formato de estrutura. O que a gente pensa é o que faz a diferença. Um centro cultural pode virar mais um elefante branco como o Espaço Cultural Renato Russo na Asa Sul e como o estádio de futebol. Posso estar parecendo um pouco derrotista e negativo, mas a gente precisa pensar mais sobre o que queremos. E um centro cultural, pra mim, me parece aquele brinquedo que o moleque implorou pro pai comprar e depois de ter conseguido tal presente este nunca, de fato, brincou, emprestou ou usou o brinquedo. Contentou-se com o mimo de assistir sua decadência crescente gerada pela passagem do tempo e pelo desuso(fruto de um desconhecimento dos modos de usar). É esse o meu pensamento atual. Abraço! E obrigado por esse espaço virtual!

  • Candango Patriota

    Me esqueci de falar, mas um espaço cultural para ficar as traças e sem dinheiro para manutenção, o povo brasiliense quer mais escolas, hospitais, segurança pública e mobilidade. Temos museus e teatros demais, Só que não tem manutenção, e pior, pra falar verdade tudo deveria ser público mais com pagamento de entrada, pois se o governo só tem dinheiro para pagamento de salários de funcionários públicos não sobra nada para manutenção, basta lembra a própria UNB, que tem um orçamento maior do que da USP, mas tem os piores laboratórios da América Latina. Eu nem vou mencionar em qual colocação a UNB esté entre as unversidade latino-americanas. E adivinha para aonde vai a totalidade do orçamento bilionário da UNB.

  • Candango Patriota

    Eu acho que o lugar deveria ser uma expansão do Parque Burle Marx. Se os universitários da UNB querem um espaço cultural que façam nas dependências da universidade. O local tem vocação PUBLICA e AMBIENTAL, basta de cimentar o verde de Brasília.

  • Mônica

    Gostei muito da ideia mas que tal lembrarmos também o que aconteceu no Caje! Para onde foram esses jovens infratores? Será que vão construir outro Caje longe dos olhos da sociedade? E para quem será construído esse novo centro cultural? Os “adolescentes” do Caje continuarão em outro Caje e com certeza não terão acesso a esse novo centro cultural. E que sociedade é essa que não gosta de lembrar o que aconteceu no passado? São muitas perguntas e poucas respostas.

  • Meninas, gostaria de dizer que amei o blog !!
    Sou de Brasília, moro em Brasília e tem muitos lugares apresentados no blog que eu não fazia ideia que havia nesse cidade! rsrsrsrs
    As dicas são maravilhosas e ótimas para os moradores e turistas conhecerem um pouquinho mais desse “quadradinho” 🙂

    Beijo!!

    http://carolinaribeirobr.blogspot.com.br/?view=classic

  • Pingback: D30 apoia Centro Cultural no lugar do Caje | D30()

  • Larissa Leite

    Carol, sabe dizer a que horas você estará no evento? Quero encontrar – e entrevistar – pessoas legais por lá. Qual seu e-mail? Grande abraço, Larissa Leite.

  • Rosana O.

    Acabei de ler o seu texto e me emocionei!!! Vamos sim transformar aquele pedaço de chão em uma nova janela deesperança!!!

    • carolnogueira76

      Brigada pelo carinho, Rosana! Vamos lá!