Este poderia ser um post sobre as faixas irregulares de Brasília – mas não. Já falamos sobre isso e continuamos acompanhando com fé o trabalho das tesouras mais rápidas do Centro-Oeste, que fazem um trabalho de formiguinha mais eficaz que o do governo na tentativa de coibir essa prática horrorosa.
Mas as faixas são, aqui, só uma alegoria. Porque este post é um manifesto contra a enorme influência do mercado imobiliário na pauta das nossas singelas vidas brasilienses.
Queridos amigos, eu não aguento mais conversar, ouvir falar, ver, esbarrar em faixas, receber panfletos sobre venda, compra, reforma, investimentos e assuntos afins. Eu não aguento mais encontrar o quiosque de uma construtora quando estou andando de bicicleta no eixão. Eu não aguento mais viver cercada de gente que passa os dias a economizar seus centavos para comprar um apartamento, colocar móveis planejados, comprar outro maior ou investir em um terreno.
Cadê meus amigos empreendedores? Cadê as pessoas que querem mudar o mundo? Cadê a turma que dorme e acorda pensando em como renovar o rock brasiliense? Cadê o grupo empresarial que vai investir pesado para transformar Brasília no polo cultural mais pujante do país?
As faixas me entristecem diariamente, mas sei lá se é só porque elas enfeiam a cidade esteticamente. Acho que é mais porque elas enfeiam a cidade subjetivamente – se elas fossem de declaração de amor, se elas fossem de alguém que propõe um coletivo de autores literários ou de uma banda que busca um guitarrista novo talvez eu nem me importasse tanto.
O mundo é grande, a vida é imensa, tem um montão de coisa aí esperando ser feita. Para que cada um de nós tenha uma vida mais interessante – e a cidade, no final das contas, se torne um lugar mais interessante também.
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Rodrigo M
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Leonardo Hasenclever
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Frederico Flósculo Pinheiro Barreto
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Cristiano
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Ana Luiza Chalub
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Núbia Gomes
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Ana Luiza Chalub
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fabiominghetti
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Leonardo Hasenclever
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ViMO
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