A minha mãe é a pessoa mais amorosa que conheço. Eu e minhas quatro irmãs crescemos sendo abraçadas, cheiradas, beijadas, aninhadas em uma coruja de asas longas e colo macio. Até hoje e até sempre, ela nos oferece esse ritual de amor e cafuné. Por causa dela, sou alguém que gosta de pegar, de abraçar, de mexer no cabelo de quem eu quero bem – volta e meia meus amigos são atacados por mãos e abraços meio fora de hora. É que recebi muito, preciso de alguma forma doar.
A minha mãe é a pessoa que enxerga beleza nos detalhes mais invisíveis. É capaz de se encantar com a vida todos os dias e, por causa dela, aprendi que o comum é o extraordinário.
A minha mãe é quituteira e nordestina, o que significa: comida, para ela, é amor. E como o amor é abundante, imagine o resultado. Ela faz as melhores tortas do mundo, exagera na quantidade sempre, e nos alimenta como quem quer abraçar por fora e por dentro. Por causa dela, aprendi a diferenciar o tempero da rua do tempero de casa, feito de agrado sincero e de agradecimento.
A minha mãe é mãe de muita gente. Do porteiro à diarista, da secretária do veterinário à dermatologista, passando pela médica que a examina, pela vizinha, pela arquiteta que reformou seu apartamento. As pessoas passam por ela e ficam.
A minha mãe tem fragilidades, como eu, e defeitos, como eu. Ela assumiu o papel mais difícil do planeta: o papel de mãe, de referência absoluta na vida de outro ser humano (e não foi só um, foram cinco). Recebeu todo o tipo de responsabilidade, de cobrança e de expectativa – e passou por isso inteira, amando exageradamente e sendo amada igualmente.
A minha mãe me orgulha muito. Ela se aproxima dos 70 anos disposta a aprender com as mudanças da vida. Nunca me cobrou que eu fosse quem eu não sou. E repetiu muitas vezes, como ainda repete, a coisa mais linda e importante de se ouvir: “Só quero que você seja feliz.”
A minha mãe é o eixo central da minha família. Ela é o eixo central da minha vida. Ainda que eu vivesse para sempre, não caberia o agradecimento que ela merece. Por ser quem é, por fazer o que fez, por tudo.
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E como sorte pouca é bobagem, tive outras mães que me amaram e me ajudaram a vida inteira, e a quem amo de paixão. Liliu e Tê, muito obrigada.
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Georgia
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Candré
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Thais Costa