Espero que estejam todos bem. É assim que preciso abrir este primeiro texto de quarentena do Quadrado, escrevendo depois de tanto tempo.

Essa nova configuração do mundo, na qual nossas casas viraram o universo particular de cada pessoa, nos dá algum pano pra manga pra falar dos nossos temas preferidos aqui do site, né? Dá pra pensar muito sobre como que anda a cidade como lugar de encontro, como espaço público de criação coletiva. O que resta disso, num cenário de isolamento social? O que vocês acham?, querem me contar nos comentários?

Prometo desenvolver sobre isso depois – porque hoje o assunto é essa beleza da foto aí acima. Amanhã acontece no instagram uma live do pessoal do Centro Tradicional de Invenção Cultural para lançamento do livro “O Mito do Calango Voador”, de Tico Magalhães. Ocasião da gente matar as saudades dessa trupe que veio enriquecer nosso imaginário brasiliense com música, personagens, mitos, histórias que transportam pro cerrado uma cultura popular saltimbanca que tanto me encanta.

Bonito demais ver transposto em textos e ilustrações o coração dançante que a gente pulsar no palco do Seu Estrelo. Do prefácio às histórias mais impensadas (você não imagina de onde nasceu o pequi), você lê e parece que está ouvindo o narrador exagerado das peças do Seu Estrelo, ou as mulheres doces e sensuais que povoam suas peças, ou seres meio-bicho, meio-gente. O universo inteirinho daquele lugar onde a gente sentia tanto gosto de aglomerar está aí, em textos, em desenhos lindos, em xilogravuras.

Amanhã quero ouvir o Tico falar sobre a arte dele, quero viajar mais ainda junto com a cabeça dessa gente bonita daqui de Brasília. Pra gente se fazer companhia e ver se esse tempo passa mais rápido, e todo mundo poder voltar logo pros nossos lugares cativos: os artistas da cidade encantando a gente, a gente sendo encantado por eles.