Na abertura da Expo Brasília Design, na noite de ontem no foyer da Sala Villa-Lobos, no Teatro Nacional Claudio Santoro, o comentário era geral: “Que saudades de vir a este teatro! Que absurdo ficar fechado tanto tempo!”

Na exposição, aberta ao público até domingo, móveis de designers da cidade como Uso Atelier, Danilo Vale e Baru Design se misturam a cadeiras clássicas de Sérgio Rodrigues, por exemplo. Pertinho das peças em vidros dos artistas Patricia Bagniewski e Bruno Jahara, está a estátua-ícone “A Contorcionista” de Alfredo Ceschiatti. Joias que são pura arte, como as de Nazareth Pinheiro e Joana VP, e toda a criatividade de estilistas como Layana Thomaz e Carol Nemoto (Miwa), integradas aos jardins internos de Burle Marx.

Mas embora o foyer do teatro esteja aberto desde o início do ano, o acesso às salas continua fechado com tapumes. Segundo o Governo do Distrito Federal, a obra do teatro está sendo executada em etapas, e as salas serão reabertas e passarão a ser usadas uma por uma na medida em que ficarem prontas. O tempo mínimo estimado para a primeira destas salas reformadas abrir – a Martins Pena – é de um ano e meio.

Enquanto isso, na mesma noite, pertinho da lá, Chico Buarque tocava na acústica horrível do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, assim como tantos outros artistas nos últimos anos. Eu sou de uma época em que até os aspirantes desengonçados a artistas, como eu querendo ser bailarina aos 8 anos, desfrutavam da emoção de dançar na Sala Martins Pena. Bate um saudosismo e uma revolta sim.

Nós, brasilienses, na capital do país, sendo privados de um grande teatro decente há mais de quatro anos, sob o argumento de que não há recursos para a reforma necessária. Não quero nem imaginar o que acontece no Brasil profundo.

Curiosamente, os recursos faltaram depois da reforma do estádio Mané Garrincha – o que custou mais caro no país e é considerado um dos estádios mais caros do mundo. Nem vamos entrar aqui nesta questão. Mas o mínimo que podemos fazer, neste momento, é continuar brigando e batendo na tecla repetida da reabertura do nosso teatro, patrimônio local e mundial.

Que tal, neste fim de semana, ajudar mostrando que a gente quer muito este espaço? Que tal prestigiar os eventos no saguão– a única parte do teatro aberta? As promotoras da Expo Brasília Design, Patricia Herzog, Tatiana Petra e Cristina Malheiros Henriques (do Experimente e da Natural de Brasília) têm o olhar certeiro para escolher belezas criadas na cidade.

Na passagem por lá, dá para tomar uma bebidinha no MimoBar instalado no espaço e desfrutar um pouco do verde e da luz que entra pelas paredes de vidro do teatro. “O Sol faz a festa” é, aliás, o nome do painel de Athos Bulcão formado de blocos de concreto nas fachadas laterais do teatro. É isto: luz, verde e lindezas no mesmo lugar. A gente quer mais, a gente quer sempre, a gente quer inteiro, a gente quer com pressa.