Esquecida e surpreendente: um passeio pela W3
Em 15 de fevereiro de 2017 por Zuleika de Souza
Suja, esburacada, menosprezada. Nem todo o simbolismo da W3 e seu passado de glória comove os governos dessa jovem senhora Brasília, quase sessentona. A avenida resume o abandono da cidade pelo Poder Público – lojas imensas pagam IPTU altíssimos, que poderiam ser revertidos em poucos metros de calçadas, ao menos.
Aliás, foi criado um movimento em defesa dos caminhantes de Brasília, só para lembrar que todos somos pedestres.
Minha mãe conta que a W3 era o ponto de atração da cidade, e as pessoas só marcavam encontros perto do Cine Cultura, na 507 sul, nos primeiros anos da capital. Tinha restaurantes chiques e as vitrines da Slavieiro Magazine, que para mim eram encantadas. Tinha até desfile de carnaval: era meio penoso, nada animado, nem tudo era glamour.
Mesmo sofrendo, a W3 ainda é intrigante e surpreendente, e está sempre se reinventando. Caminhar com cuidado para não pisar numa pedra solta ou cair em um buraco pode ser uma experiência cheia de surpresas legais.
Abriu na 504 sul um antiquário de automóveis, com carros lindos. Da 4 até a 8, tem grafite, sebo, Bar do Amigão, banca de vinis, serviços do século passado e muitas escadas que levam para…?
A Vitamina Central continua energizando a 506, onde, além das tradicionais Casa dos Pães e Festiva, tem um novo karaokê (o nome é The Voice Bsb, e estou doida para conhecer).
Enquanto os bares que Jorge Ferreira idealizou continuam movimentando as noites na avenida, o artista Lauro Montana gosta de ficar proseando em uma das últimas bancas da avenida, na altura da 7. Um passeio legal, mas que poderia ser muito mais, se a W3 não fosse tão esquecida, né?
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