Quando nasce um bebê, nasce uma mãe, diz a frase batida. Muito rápido você entende que não controla quem esse bebê será. O que eu levei mais tempo pra entender é que também não controlo quem seria essa mãe.
Ontem eu tomei um café com a Irmina, que se parece muito com a mãe que eu achei que seria. Yasmin, essa criança linda aí da foto, tem cinco anos e é desescolarizada. E isso não porque ela faça aulas de cerâmica, pintura rupestre e mandarim em casa – como costumam sonhar os pais moderninhos que sonham com a desescolarização. Ela não vai pra escola (ainda) porque ela brinca. O dia todo. No quintal.
Yasmin é uma legítima representante da infância livre. Ontem, com a mãe dela, conversamos sobre o tempo da infância, a curiosidade (e não a ansiedade paterna e materna) como motor do aprendizado, sobre relação com a natureza, com a comida, com a tecnologia, com a sociedade. Falamos sobre livros, sobre fotografia, sobre como uma vida multicultural abre fronteiras poéticas na linguagem e na alma das pessoas.
Eu descobri a Irmina, a infância livre da Yasmin e o livro que ela vai publicar sobre isso na campanha do Catarse que ela está realizando. Bastou este vídeo pra que eu perceber que entendia tudo o que estava dito ali. Que com suas fotos, seus pequenos vídeos e sua poesia (que caminham na fronteira do polonês com um português muito sensível), ela fala de tudo o que eu sei aqui dentro, embora aqui fora eu nem sempre viva muito perto disso.
Meu consolo: ter o quintal da Irmina, da Yasmin, do Sávio e do Kajetan comigo, todos os dias, no livro que ela vai, sim, realizar.
Até porque você, que um dia já foi criança, que está todo confuso com esse mundo mudando tão rápido, que também sabe, aí dentro, que a vida pode ser muito mais simples, vai ajudar.
Bora?
Retratos pra Yayá
Financiamento coletivo do Catarse para livro de retratos sobre a infância livre