Está difícil dizer tchau pra Feirinha do Quadrado
Em 20 de dezembro de 2020 por Carolina Nogueira
Chegou o dia de dizer adeus para esta edição online da Feirinha do Quadrado.
Foram 36 dias no ar, com 50 expositores mostrando seus produtos, quatro bandas nos conduzindo pelo som delícia de Brasília, cinco debatedores discutindo essa cidade linda e diferentona, quatro oficineiras compartilhando a arte delas com a gente – e vocês, que são a razão de tudo. Foram mais de 5 mil acessos no site, e nossos visitantes circularam muito entre as tendas: cada uma das 50 lojinhas teve em média 600 acessos. Tivemos também mais de 1,5 mil espectadores no YouTube.
Essa Feirinha foi potente. Pelos números de acesso, pela efetividade do formato – alguns dos nossos expositores venderam muito! – pelo alcance que tiveram as ideias que discutimos. E pela capacidade de reinvenção, graças ao talento, à dedicação, à criatividade da equipe que produziu tudo isso conosco.
Ainda nos ressentimos por falar pra um público predominantemente do Plano Piloto, mas este ano conseguimos agregar expositores de onze Regiões Administrativas diferentes, mostrando uma visão mais plural do que é produzido no Distrito Federal. Esta sempre será uma luta nossa, enquanto o Quadrado existir.
Parece que éramos outras, que foi em outra vida que a gente começou a costurar essa Feirinha, no começo da pandemia. Quanta coisa nos atravessou nesse período – quanta gente conhecemos, quanta comida nova a gente provou, quanta música descobrimos, quantos artistas incríveis de quem compartilhamos o universo. O quanto crescemos nos debates que realizamos.
Queremos deixar nosso profundo e sincero agradecimento pelas trocas e pela companhia nesse pouco mais de mês. Nossa alegria é trocar com vocês, dar visibilidade a quem produz aqui e discutir a cidade, repensando antes nosso lugar do cidadão.
Que sejamos uma cidade educadora, capaz de fazer pensar sobre cidadania pelo nosso simples modo de existir – como disse o professor José Geraldo. Que, como nos alertou o Guilherme Wisnik, a gente aceite a tensão e o conflito do espaço público da cidade – entendendo que, numa sociedade desigual como a brasileira, a tensão é condição do que é público. Que a gente perceba, como disse a Liza Andrade, o projeto desta cidade como movimento e não como uma coisa estática – passível de apropriação por cada um dos que tem os pés em cima desta terra.
Como disse o Guilherme Black, que a gente se relacione com quem mora na rua como as pessoas que elas são, como eu e você, e não como lixo ou bichos na cidade. Que pensemos que remover as pessoas do centro da cidade não é garantir direito à cidade, é alienar – como disse a Luísa Porfírio.
Que 2021 venha logo com a tão sonhada vacina, com a gente solto de novo na rua, livre e sem medo. Se deixando atravessar pela vida real, pela capacidade de reinvenção das nossas quebradas, pelo urbanismo foda dessa Brasília, pela sua arquitetura sedutora e pela poesia do nosso Samba Urgente, da nossa Letícia Fialho, do nosso Cacai, do nosso Contém Dendê, do incrível Gog lembrado tanto pela Liza no debate.
Tchau, Feirinha do Quadrado 2020. Bom Natal, meu povo lindo. E que o ano novo venha com muito abraço de verdade.
PS: As lojinhas online estão abertas até meia-noite. 🙂 Corram!