As estatísticas da manifestação de segunda-feira não contam ocorrências expressivas. Duas detenções por desacato… Só. Mas houve uma ocorrência grave, no entanto. Houve uma morte, diretamente ligada à manifestação de segunda-feira.
Carol Scartezini Battisti, uma moça de 23 anos morreu depois de ser atropelada quando ia de bike se juntar à manifestação. Uma mocinha que até sexta-feira passada estava no facebook compartilhando notícias sobre as manifestações de São Paulo morreu porque vivia como acreditava. Ela andava de bicicleta. Ela se locomovia de bicicleta.
Na cidade onde ela queria viver, isso seria possível. Os amigos contam que ela foi de bike porque não queria pegar trânsito. No sábado, ela foi de bicicleta para a frente do Mané Garrincha. Para ela, manifestar não se tratava de pegar seu carrinho, estacionar num lugar seguro, escrever palavras de ordem num cartaz e gritar meia dúzia de palavras. Ela vivia como ela acreditava: ela ia para as manifestações, e ia de bike. E ela morreu. Dá para pensar em alguma coisa mais trágica e mais simbólica?
Sim, foi uma fatalidade. A culpa provavelmente nem foi da pessoa que a atropelou – que aparentemente prestou socorro. A culpa é do sistema: que reduz o IPI dos carros, cria carros demais, detona o transporte público, exclui quem não se conforma.
Se é preciso de foco no movimento, aí está o foco: no mundo que queremos construir, as pessoas não morrem andando de bicicleta.
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