O carnaval das mina

Em 21 de fevereiro de 2017 por Carolina Nogueira

Vocês estão vendo, né? A mulherada saiu do armário.

Este carnaval, pra mim, é um marco da celebração do feminismo festivo. Tem topless no meio da rua, tem fantasia feminista até dizer chega, tem bloco de carnaval pelo empoderamento feminino, tem marchinha pelo fim do assédio, tem fantasia sexy para todos os corpos.

À primeira vista, você pode dizer: um monte de mulher quase pelada no carnaval, nada de novo debaixo do sol. Mas olhe de novo.

A gente não está falando da passista do corpo impecável rebolando pra câmera enquanto o mestre-sala faz cara de tarado girando o pandeiro perto da bunda de fio-dental. Ela pode até continuar lá, se quiser. Mas eu estou falando aqui é da gente, com nosso próprio corpo, com a fantasia que nos faz feliz, celebrando nossa felicidade de ser mulher, de ter nosso corpo perfeito, qualquer que seja ele, nos levando pra passear no êxtase da dança, da música, dos encontros, da alegria generalizada. Com a roupa que a gente bem entender. E com segurança.

Estou falando de um carnaval em que as meninas estão criando estratégias de ajuda mútua, como um apitaço pra denunciar assédio. Um carnaval em que o carinha na rua seja seu crush ou seja seu companheiro de folia, e não uma ameaça. Que a menina do lado não seja #azinimiga, ao contrário: seja aquela ao lado de quem você caminha mais forte.

Que não seja o carnaval para as câmeras, nem pro deleite dos olhos de ninguém – que seja só pro seu deleite mesmo, pra sua alegria explosiva que nasce do meio do peito aos primeiros acordes de Pequena Eva, ou de Vaca Profana, ou de Não Deixe o Samba Morrer. Que seja apenas o carnaval da sua divina diversão.

Claro, a coisa tá feia na vida real, carnaval é puro escapismo. Eu sei, eu sei. Mas também é revolução. E pode ser, sim, senhora, a apoteose da nossa felicidade de ser mulher.

Dito tudo isso, duas coisas mais: a maravilhosa da Fernanda Ferrugem está arrasando com uma pop-up muito bafônica ao lado do Quinto Bar, na 102 Norte. Se você ainda não foi, vá. Várias outras marcas estão expondo no local, como a Helmet e a Fulanitas de Tal. Puro brilho.

Agora a igualmente divina Layana Thomaz e sua sister Maira Nascimento lançam amanhã na Cervejaria Criolina a coleção inominável de roupas feministas de carnaval (tão inominável que se chama A Negoçada).

Com roupa de estilista ou no improviso do seu coração, meus amores, bora negoçar. Bora botar nosso bloco na rua.

Bora?

Utopya – coleção Fernanda Ferrugem de Carnaval
Até sábado, 25/02, das 16h às 23h
Pop up store, ao lado do Quinto Bar
CLN 102 Bloco A Loja 56

Negoçada
Quarta, 22/05, às 18h
Cervejaria Criolina
SOF Sul, Quadra 1


  • Isabela Cadena

    Adorei o texto!!! Aliás, aproveito o comentário para dizer que toda vez que leio A rua de todo mundo pra Ilka dormir, nos divertimos muito.