Toda vez em que alguém fala do retorno triunfal de algum artista desaparecido há décadas, me dá um arrepio na espinha. Quanto mais importante a história do artista, maior a chance de o retorno ser um fiasco – esse é o meu pessimismo da pior qualidade.
Baby do Brasil ressurgindo das cinzas? É marketing, é moda, é roubada. É coisa da Paula Lavigne, ô mulher que sabe ganhar dinheiro. Baby do Brasil, aquele arraso de cantora que virou pastora evangélica? Ah não, não é possível que vão tentar ressuscitar uma Baby que não existe mais.
Corta a cena e lá estou eu, de frente para a Baby, no show que ela apresentou no Vivo Open Air, em maio. Lá estou eu quebrando minha cara, perdidamente apaixonada por ela, a pastora pop, que não ressuscitou porque nunca morreu. Hoje é do Brasil, mas continua sendo Consuelo, linda, louca e roqueira. O cabelo ainda é roxo, só o grito de guerra que mudou. Antes era “Rá!”, agora é “in name of Jesus!”.
O show é um culto sim, mas à boa música: a voz continua poderosa e afinadíssima, o repertório é incrível e a banda, liderada pelo seu filho, é demais. O único momento em que a pastora surge no palco é quando Baby conta como aceitou fazer um show sem música gospel. “Deus deixou”, diz ela. “Obrigado Deeeeus!”, grita alguém da plateia.
Melhor momento: quando a cantora conta como ela e Pepeu foram impedidos de entrar na Disney. Esse episódio maravilhoso rendeu a música “Barrados na Disneylândia” e me fez perceber o quanto fui boba. Alguém que já foi barrado na Disney porque tiraria a atenção do Mickey merece o meu respeito eterno. Alguém assim não iria me decepcionar.
Bora?
A Baby está de volta a Brasília e faz show neste domingo (25), de graça, na praça do Museu da República.
(A leitora Andrea me corrigiu a tempo: o show faz parte do projeto Todos os Sons, do CCBB, mas o show é no museu, ok? Obrigada, Andrea!).
O projeto começa às 17 horas. Antes da Baby, tem dois shows: Jibhajan (Concerto de Música Brasileira para Crianças) e Passo Largo, de música instrumental.