A descoberta das passarelas

Em 20 de maio de 2013 por Carolina Nogueira

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Bem mais que os nossos, os olhos infantis possuem a sagrada capacidade de se surpreender. De reconhecer quando se deparam com algo novo – e de manifestar o entusiasmo que merecem as novidades, de celebra-las, emprestando para os adultos que têm a sorte de conviver com crianças rápidos momentos mágicos de encantamento, que os mais espertos de nós não deixarão nunca de aproveitar.

Foi com sacrifício que convenci meus filhos a dar uma volta de bike ontem no Eixão – e com mais sacrifício ainda que eles foram lenta e pacientemente tangidos no caminho de volta (quem disse que Brasília é plana nunca tentou convencer dois pequenos de seis anos, com sede e com fome, a subir do Eixão à W3 em pleno meio-dia).

Mas no meio do caminho havia uma passarela subterrânea. Ou um parque de diversões, a julgar pela reação deles.

Não sei se foi pelo território inusitado, subterrâneo, que eles jamais haviam notado na paisagem, ou se pela graça de brincar de eco enquanto cantavam e pedalavam e apostavam corrida pelo túnel afora – mas as passarelas subterrâneas foram sensação entre meus jovens ciclistas.

Capturada pelo momento de novidade deles, peguei emprestados os olhos novos de criança: olha, nunca tinha reparado nessa curva que o desenho do teto da passarela faz na entrada. Elas estão até limpas, hein?, essas passarelas subterrâneas. E todas pontuadas por street art – algumas, bem interessantes. Será que é seguro passear por aqui também durante a semana?

É o exercício para a semana que começa: que nossos olhos não percam nunca o hábito de procurar o novo e o instigante na beleza que, de tão cotidiana, se torna invisível. E disso, sinceramente, Brasília é um prato cheio.

Bora?
Como é mesmo o nome dessas belezas de flores que estão florindo em pleno outono? E por falar em outono, já reparou como as folhas e flores das árvores que caem levadas com o vento se parecem com uma neve colorida e tropical?

  • agora a surpresa do kinder ovo mesmo são as passarelas da 205/206 norte! além do semáforo pra atravessar de uma comercial pra outra (que já são mega sui generis) há DUAS passarelas subterrâneas entre as quadras!!!

  • Brasília tem muitas riquezas escondidas, para quem passeia por ela.

  • Entendo muito bom esse sentimento. Sempre que atravesso a passarela de bicicleta paro para fotografar pois a luz que entra ali sempre me fascina. E esse sentimento de novidade, novos ares que nos faz renovar diante a rotina do dia a dia. É por isso que vez ou outra quando estou de carro e entro em uma quadra que nunca entrei antes bate aquele sentimento de nostalgia, de quando éramos crianças e tudo na cidade era novo e desbravador. 😉

  • Eu sempre ia a pé de casa, na 207 sul, ate a aliança francesa, a Juilio Adnet e o IBI, que eram laaaaa depois da W3. Alguns amigos atravessavam o eixao , mas eu sempre fui pela passarela, nao sem sempre sentir um medo de ser assaltado, o que ocorreu, claro, umas duas vezes ou de me deparar com um cheiro bizarro de mijo e cocô. com o tempo, lembro bem, isso foi melhorando. Na Asa Nrote desobstruiram varias passarelas. E nas quadras onde tem estação de metrô na asa sul, sem ser ufanista, mas atravessar o eixao por baixo é de dar inveja a qualquer cidade de primeiro mundo. Tem ate escada rolante, hehehe.. Nessas passarelas onde tem metrô, o que me dá dó é ver um monte de espaço onde deveriam ou poderiam ter lojas complemtante vazios. Fico sempre intrigado com isso, poeque alil é um plugar de passagem, certamente um comercio qualquer como banca de revista, quiosque de comidas ou coisa parecida teria condições de se manter e deixaria o lugar com mais vida. As passarelas rejuvenescidas seriam apenas mais um dos tantos ganhos obvios que a cidade teria com investimentos no transporte publico decente, no caso o metrô. O buraco ja ta ali. É só os caras quererem.

    Beijocas

  • pauloavjr

    As flores de agora são da paineira (ou “barriguda”). Quando vierem os frutos da árvore, vai ver que eles contêm uma espuma no interior que, quando começa a cair, também parece neve 🙂

  • Núbia

    Interessante esse post aqui hoje, sabia? Semana passada estava conversando com uma amiga exatamente sobre isso, de como é importante manter esse olhar curioso e ingênuo, o olhar infantil. E naquele dia e hoje um trecho do poema do Cairo ilustra perfeitamente o que queremos dizer:
    ” O meu olhar é nítido como um girassol.
    Tenho o costume de andar pelas estradas
    Olhando para a direita e para a esquerda,
    E de vez em quando olhando para trás…
    E o que vejo a cada momento
    É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
    E eu sei dar por isso muito bem…
    Sei ter o pasmo essencial
    Que tem uma criança se, ao nascer,
    Reparasse que nascera deveras…
    Sinto-me nascido a cada momento
    Para a eterna novidade do Mundo…”

    Beijos!

    • Que lindo, Núbia. Ter esse olhar todos os dias é um desafio lindo. 🙂

      • Núbia Gomes

        Errei: é Caeiro 😉