Um sorriso abriu-se no rosto, meus olhos brilharam e imediatamente passei a agir com obsessão psicótica quando soube que havia acabado de abrir um restaurante asiático na cidade: Same Same, But Different – uma expressão em inglês que os turistas ouvem o tempo inteiro na Tailândia, dizem. Quando alguém quer comprar um sapato preto, por exemplo, mas a loja só tem o azul, o vendedor tailandês tenta convencer: “same same, but different!”, algo como “praticamente igual”.

Voltando ao restaurante: ele fica na 711 Norte. Obriguei pessoas a ir comigo numa noite de tempestade, frio e engarrafamento, não importa. O que importa é que temos comida thai, vietnamita e sul-coreana de respeito. Nada me alegrava tanto desde a prisão do Eduardo Cunha.

Quando cheguei lá, já tinha o cardápio de cor. Pedi correndo o rolinho vietnamita, que provei numa viagem muito tempo atrás e morria de saudade. O molho veio mais forte e encorpado do que a referência que guardei, mas bem gostoso. E o rolinho, gente, que delícia: fresco, leve, perfeito.

Nunca aceitei que Brasília não tivesse um restaurante vietnamita e tailandês que prestasse – white people problems. Os que já existiram e eu conheci, ou eram pretenciosos e ruins de  sabor, ou eram metidos e caros demais, ou tudo ao mesmo tempo. No Same Same, felizmente a comida é o principal. Dá pra ver que o chef Yuji e a empresária Raquel montaram o cardápio e a equipe com esmero.

O resultado é que comi todas as entradas emitindo gemidos de gosto duvidoso. Depois do rolinho vietnamita, passamos pelo espeto de frango deliciosamente temperado, pelo tuk tuk (lembra o rolinho primavera, mas com um molho de abacaxi cheio de especiarias) e por uma couve-flor meio caramelada, meio empanada. Incrível.

Quando chegou a vez do prato principal, experimentei o pad thai, a macarronada tailandesa, que estava gostoso, mas pesou um pouco. Não sei se foi o excesso de especiarias ou o fato de eu ter comido 4 entradas antes, o que você acha? Isso tudo misturado com alguns drinks vietnamitas (à base de abacaxi, limão e hortelã, delícia) talvez tenha sido demais. Cheguei ao Same Same como quem chega a um açude no deserto.

O restaurante só funciona há duas semanas. Estamos no começo da nossa relação, mas estou confiante. Esse amor vai vingar.

PS: e já vingou, porque voltei. Desta vez comi um curry de camarão, que olha, nem sei. Talvez eu me mude pra lá.