2019, vou te contar: vou ter que tomar muito café pra te encarar. Vou ter que inventar minhas pausas, me mimar, me refugiar nos meus amigos – vou ter que inventar maneiras de não me deixar convencer que o mundo se resume a esse festival de insanidades e retrocessos que marcaram esses últimos dias. Quero abrir o ano compartilhando com você um lugar que vai te ajudar a fazer isso também: o Crioula Café, o café da Helena Rosa, que fica ali no Guará.

A Helena é quilombola. Ela nasceu na comunidade Kalunga, em Cavalcante, e se mudou pra Brasília há 14 anos. Trabalhou como doméstica, virou quituteira de mão cheia, depois estudou, se formou em Ciências Contábeis. E resolveu abrir um café que reflete toda a sua história, sua força e seu talento.

Tudo ali é a Helena. Da decoração, inspirada nas casas da comunidade quilombola, a cada uma das delícias com gosto de roça e carinho de vó, tudo tem a marca de um povo que soube preservar sua identidade, seu fazer e seu gosto. Que tem orgulho de ser negro, do quilombo, de ser do chão. Valores que pode não estar muito na moda pra alguns, mas que não vão morrer nunca.

Café coado, moído na hora, bolo de chocolate com castanha de baru. Um chá especial, revigorante. Rapadura, geleias, queijo feito em casa, cuscuz, arroz doce, pamonha. E a sensação de ter chegado na cozinha de uma vizinha acolhedora, de uma amiga antiga.

Vai lá, puxa um dedo de conversa com a Helena. Olha as fotos lindas da comunidade Kalunga que ela expõe nas paredes. Pede um café com queijo derretido. Bora se ver, bora realizar coisas nesse ano que está se espreguiçando. Lembra a frase que a gente inventou pra definir o Quadrado: a cidade é do tamanho que a gente quer. O Brasil, o mundo e você também.