Vocês sabem que temos tido alguma dificuldade de escrever aqui sobre esses temas de todo dia: cafés, lojinhas, feiras. Difícil falar da piscina, da margarina, da Carolina, da gasolina e de mim quando se lê o jornal todos os dias. Mas às vezes a gente olha pro lado, vê gente brigando pra viver e realizar, e volta a enxergar todas as camadas que existem nas coisas – e decide que um café, às vezes, é mais que um café. E que isso é digno de nota.

Este final de semana, devagarzinho, a Casinha Café abre as portas. Um café vegano na 411 Norte, que é um projeto pensado, idealizado, imaginado, com cada mínimo detalhe escolhido e colocado na parede pela museóloga Lívia Aquino.

A Lívia se descobriu vegetariana quando virou mãe da Lilo e da Gaia, respectivamente, cachorrinha e gatinha que dividem o coração dela. Convivendo com as duas, os questionamentos básicos do veganismo bateram na porta dela: como a gente pode amar tanto um bichinho e permitir que outros façam parte dessa insana cadeia produtiva que alimenta nossos supermercados todos os dias? Ela encarou o fogão e descobriu que pode ser incrível e delicioso comer sem crueldade. E, agora, convida a gente pra cozinha dela.

Na verdade, pra Casinha dela mesmo – porque, além das comidas deliciosas, saudáveis e respeitosas, ela pensou em cada detalhe, com almofadas, redes, carinho e amor, pra gente se sentir em casa. De brinde, tem o compromisso social do café: parte do lucro vai ser revertido pra Associação Protetoras do SOF Sul, uma entidade que ajuda bichinhos resgatados na rua.

A abertura é o que os millenials chamam de um “soft opening” – só uma espécie de oi ao mundo, pra ir testando o atendimento e o funcionamento como um todo. Vamos chegar como chegamos na casinha dos nossos amigos: com carinho e respeito, e a certeza de sermos bem recebidos.

Outra boniteza de café que vale sua visita é obra de uma colega de profissão, a Cristine Gentil. Desde que de saiu do jornal onde trabalhou por muitos anos, ela concentrou amor e esforços para abrir na 410 Sul, junto com a irmã, o Gentil Café – uma cafeteria familiar com comida gostosa, design bonitão, com mesinhas num calçadão que quase convence a gente de que estamos em Copacabana.

Estamos movidas por luta e pela reflexão sobre um mundo melhor? Estamos. Mas ainda precisamos de um cantinho pra sentar, discutir ideias, abraçar nossos sonhos num café quentinho e numa sobremesa gostosa. Então vale, sim, um post sobre esses novos cafés.