Ode ao glúten

Em 05 de julho de 2016 por Dani Cronemberger

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Texto – Lara Haje

Eu amo glúten. Macarrão, pizza e especialmente pão. E, desde que fui à França, tenho certeza de que pão faz bem, assim como queijo, café e vinho. É tanta gente magra comendo tranquilamente seu pão com queijo e bebendo seu vinho e seu café, que você duvida que aquilo possa fazer mal. Dizem que eles degustam tudo em quantidades absurdamente pequenas, mas esta é uma outra história.

De uma coisa eu tenho certeza: mal faz ingerir excesso de produtos industrializados. Mal fazem os aditivos químicos e conservantes contidos nos pães industrializados. Eu não gosto de comer nada que eu não sei o que é, como o conservador propionato de cálcio, presente entre os ingredientes da maior parte dos pães vendidos no supermercado.

Por isso, é com alegria que se assiste em Brasília a uma proliferação de padarias de pães artesanais. Isso significa ausência de conservantes e estabilizantes. Em muitos casos, também significa utilizar processo de fermentação natural – em vez de fermento biológico industrializado. Em outros, uma atenção com a qualidade da farinha de trigo.

No caso da Varanda – Pães Artesanais, na 215 Norte, significa essas três coisas juntas. A farinha de trigo utilizada é orgânica, derivada da agricultura familiar, com produção sustentável e livre de agrotóxicos. Que aconchegante: você come uma guloseima e ainda acha que está sendo saudável e ajudando o mundo.

Me chamou a atenção o pão de chocolate com laranja (delicioso, mil vezes delicioso) e o cinnamon roll, uma espécie de rosca de canela, comum nos Estados Unidos. Mas, diferentemente do cinnamon roll americano, o do Varanda é crocante. Como se fosse um croissant com filamentos de canela.

Lá também é possível encontrar diversos tipos de queijos de cabra da marca Kapra, produzidos em Sobradinho, e as fantásticas coalhada seca de queijo de cabra e geleia de tangerina com conhaque de O Realejo Brasserie, marca do chef Eduardo Sedelmeier.

Talvez cada uma das padarias artesanais da cidade tenha um produto que seja seu ponto forte. O pão de cereais e o pãozinho de sal da já tradicional La Boulangerie (306 Sul e 212 Norte), para mim, são imbatíveis. A La Panière (211 sul) tem uma baguete recheada com gorgonzola que é sensacional. No Ernesto Café (115 Sul), onde também há uma padaria com produção própria, gosto especialmente do pão de figo e nozes. No Daniel Briand(104 Norte) – que, assim como o Ernesto, é muito mais do que uma padaria – minha iguaria preferida é o croissant de amêndoas.

No Dylan Café (315 sul) – meio padaria, meio café – gosto de ir com calma no domingo para comer o enorme sanduíche de abobrinha e berinjela ou torradas com ovos e bacon. Na recém-aberta L’Amour du Pain (115 sul), me encantei com um tal de ruban, uma tira de massa de croissant com coberturas diversas: queijo gruyere com presunto cru, queijo de cabra com conserva de pimentão…  Outra padaria de pães artesanais na cidade é a La Boutique, na 413 Norte, mas esta  ainda não conheço bem a ponto de nomear um produto predileto. Vá lá e depois me conte.

Viva essa proliferação de padarias artesanais na cidade, viva o glúten e a alegria que ele traz para a gente!

(Foto: Ernesto Cafés Especiais)