Um farol pra quando ser pai e mãe fica difícil
Em 17 de julho de 2017 por Carolina Nogueira
Eu já chorei por uma hora seguida debaixo do chuveiro. Já fiz várias ligações internacionais para perguntar a uma dezena de pessoas se estava agindo certo ou errado – o que só me encrencava mais. Já me culpei, já me achei a mais sabida das mães, já fiz chantagem emocional (não recomendo), já fiz propaganda dos meus filhos. Já me peguei fazendo e-xa-ta-men-te as mesmas coisas que meus pais fizeram comigo – as boas e as nem tanto. Já fiz, de propósito e de forma metódica, exatamente o contrário do que eles fizeram comigo. Foram dez anos intensos de muitas alegrias, um monte de medos, de reviver minhas dores de infância nas dores deles, dez anos de um amor explosivo e da maior quantidade do mundo de dúvidas que eu jamais imaginei que teria.
Ser mãe e ser pai é maravilhoso – mas é assustador também. Nossa sorte é viver num tempo em que a gente pode admitir isso: deixou de ser pecado falar que, cara, tá foda… Porta aberta corajosamente pela feminista francesa Elisabeth Badinter (“O mito do amor materno” é para os fortes), que pra mim é um pouco – com o perdão do trocadilho, Badinter – a mãe de todos os sites, colunas, canais no youtube e das conversas de mesa de bar que nos autorizam a assumir nosso desespero em algumas questões.
Certo, mas só saber que todo mundo passa por isso não salva ninguém. Como sobreviver aos tsunamis sucessivos que ter um filho pode representar? Como lidar com as partes difíceis para conseguir ser feliz com tudo de poderoso, de forte, de transcedental mesmo que a maternidade e a paternidade contém?
Eu acredito, sim, na força da ajuda mútua de mães e de pais – semana passada aconteceu aqui em Brasília o evento Elos, uma roda de conversa da impagável youtuber Hel Mother e do publicitário e superpai Pedrinho Fonseca que discutiu o papel de homens e de mulheres, a maternidade e a paternidade nos tempos atuais.
Acredito também em iniciativas de conexão de pais e filhos, como o evento lindo, solidário, inspirador que foi o Jardins da Infância, que aconteceu no início do mês no CCBB.
Mas eu acredito sobretudo em experiências terapêuticas. Acho que na hora que o bicho pega, mãe e pai precisam mesmo é de orientação – de alguém que te ajude a encontrar objetivamente um caminho. O meu vem sendo esculpido a duras penas em anos de psicanálise, que me fizeram encarar meus próprios demônios e os demônios que acabo projetando nos meus meninos. Mas reconheço também que tem iniciativas que, sem ser panaceia nem receita de bolo, conseguem apontar atalhos mais rápidos para momentos difíceis.
Minha irmã Juliana faz parte há alguns anos do grupo de pais da Lydia Joffily, que tem ótimos resultados na orientação familiar. E, agora, a Ju e seu Projeto Cuidante estão trazendo pra Brasília a médica Isabel Britto, que tem um trabalho incrível de tomada de consciência das questões complexas da maternidade.
“Ouvir a Isabel é entender que a origem das crises dos pequenos tem tudo a ver com como a mãe e o pai se sentem naquele momento. É a chave para entender e assumir responsabilidades – mas não culpas – e ficar pronto para começar um processo de reconexão e cura”, explicou a Ju.
Na Vivência Cuidante que ela está organizando, a médica vai intercalar palestras com momentos de interação dos pais com as crianças. Além de uma aula de ioga para pais e filhos, a médica conduz atividades que realmente ajudam o adulto e a criança a expressarem suas dificuldades. Conversas, trocas, conexão: o único caminho possível pra superação dos conflitos.
Vale a pena acompanhar o material lindo sobre parentalidade consciente do Projeto Cuidante. Está numa fase delicada da maternidade e da paternidade? Quer ter uma luz mais clara sobre seus sentimentos e como reencontrar o caminho da harmonia dentro de casa? A Vivência Cuidante pode ser uma opção. Pra crianças mudarem o mundo, elas precisam crescer fortes e serenas – e pra isso acontecer, a chave, muitas vezes, é mudar a gente.
Bora?
Vivência Cuidante
12 de agosto, das 8h às 13h
Pine Tree Farm – Jardim Botânico
Informações e Inscrições: parentalidadeconscientebsb
Investimento: individual R$ 180, casal R$ 300, crianças: R$40