Eu não gosto de filme que já na primeira cena eu adivinho o fim. Eu não gosto de música que eu adivinho a rima. Eu não gosto de quadro meramente figurativo – assim como não gosto de arte abstrata que não me diz nada. E principalmente eu não gosto de festa batida – dessas que tem todo final de semana, com as mesmas músicas, com a mesma galera, com o mesmo leiaute.
Deve ser por isso que eu gostei tanto da peça Ultra-romântico, do grupo Liquidificador. Porque na hora que abriram as portas do subsolo do Conic (ah, sim: começa que a peça era no subsolo do Conic) eu não tinha a menor ideia do que me esperava. Só isso já era bom – mas tinha mais.
A peça me deu de presente a constatação do eterno giro da roda do tempo, colocando a transgressão punk, underground e pós-moderna na perspectiva antiguinha e ingênua dos ultra-românticos. Ou seja: foi lindo. Trash, difícil, esquisito – mas (ou talvez por isso mesmo) lindo.
Por isso que venho aqui passar o chapéu, senhoras e senhores. O Ultra-romântico quer voltar ao subsolo do Conic este ano – e dessa vez, olha a ousadia, sem nenhum apoio de dinheiro público. Uma nova temporada totalmente financiada pelo público – que oferece de brinde para a cidade uma temporada de festas punks bem diferentes daquelas que você já enjoou de ir toda sexta-feira.
O catarse Ultra-romântico já está rolando, pelos próximos trinta dias. Nas contrapartidas pros colaboradores tem ingresso pra festa, camisetas e até a possibilidade de patrocínio de empresas.
Uma trupe pra lá de talentosa, gente se virando nos trinta pra conseguir grana, estética punk, um material de divulgação que é a cara dos zines que eu lia na adolescência, além da oportunidade de ouro de ter uma temporada toda de festinhas underground pra curtir: motivo de sobra pra você clicar aqui e ajudar a nova temporada do Utra-romântico a virar realidade.
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Monica