Não vamos correr o risco. Especialistas em democracia alertam para o risco. Estudiosos da ditadura contam que já começou de forma semelhante. Os aliados do candidato dão indícios de que é uma possibilidade.
Talvez nada aconteça. Mas talvez haja resistência à aprovação de suas propostas – algo bem comum numa democracia com oposição forte; algo bem possível num Parlamento dividido; algo bem provável num cenário de retirada de direitos. Como um governante autoritário lida com a resistência? Como a Venezuela lidou, por exemplo?
(E a esquerda muitas vezes não faz mesmo – e na minha opinião deveria fazer – a avaliação crítica de autoritarismos de esquerda, em especial quando esse governos trouxeram alguns tipo de ganho para a população, mas é preciso lembrar sempre: a liberdade é essencial e inestimável).
No Brasil, no governo do PT, nunca houve autoritarismo. Os presidentes do partido deram autonomia para que as instituições investigassem até mesmo integrantes de seu partido. Nunca se falou em recorrer às forças militares para conter as instituições democráticas. Nem mesmo quando o Congresso optou por retirar do poder uma presidente do partido apenas porque estava fazendo um mau governo. Numa democracia consolidada maus governos se resolvem na próxima eleição. E alternância de poder é normal – desde que haja a garantia de que continuará existindo a alternância. Nos últimos governos, jornalistas contrários ao PT sempre puderam criticar o partido sem serem ameaçados de morte.
Dito isso, se você não embarcar em uma aventura política perigosa que não sabemos aonde vai dar, eu prometo lutar com você contra a corrupção. Não vai haver trégua para o PT: estaremos todos atentos. Mas não pode haver hipocrisia, nem justiça eleitoreira e partidária. Não pode haver trégua para ninguém, e não apenas para o PT (entenderam, órgãos de mídia?).
Mas vamos deixar uma coisa clara: brigaremos também por justiça social. E isso significa sim que a elite na qual me incluo terá que abrir mão de alguns privilégios. Haverá divisão das vagas nas universidades públicas sim, a partir de cotas que equilibrem desigualdades existentes. Haverá mais direitos para as empregadas domésticas, que serão elevadas à categoria de trabalhadoras como todas as outras, saindo da condição de escravas do lar. E quem sabe um dia possam se capacitar para terem profissão diversa do emprego doméstico se assim o desejarem.
Haverá, quem sabe, impostos mais altos para quem tem renda maior e mais baixos para quem tem pouco. Haverá estímulos às pequenas e médias empresas, mas, se tudo der certo, determinados setores da economia voltarão a ser justamente tributados, dando fim a isenções injustificadamente concedidas, que ajudaram a apenas manter lucros altos e a levar ao desequilíbrio de nossas contas. Talvez os mais ricos não possam manter o mesmo nível de riqueza para que os mais pobres recebam um pouco mais.
Se você não está a fim de abrir mão de nada, assuma seu elitismo sem se esconder atrás do embate contra a corrupção, porque nele estamos todos juntos.
E que tal, em termos morais, vivermos em um país também com liberdade para ser o que se é, sem julgamentos morais, cada um cuidando da sua própria vida, da sua própria sexualidade, do seu próprio corpo? Que tal andarmos com mais liberdade sem tanto medo de uma população armada, trabalhando para o desarmamento e para a paz, e não para o armamento da população e para a promoção do medo disfarçada de sensação de segurança? Que tal se pudermos mostrar que é possível haver religiosidade e esperança sem interferência moral na vida do outro?
Que tal parecermos, em termos morais, um pouco mais com o Canadá, com Portugal, com a Holanda ou com a França do que com o Irã?
Vamos trabalhar para tudo isso juntos já hoje? E depois sambar no meio da rua com alegria e liberdade, nossas armas mais poderosas?
Grande panfletagem de reta final: é hora da virada!
Nesta sexta, 26/10, das 17h às 20h
Rodoviária do Plano Piloto
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Samba da Democracia com os Estudantes
Nesta sexta, 26/10, a partir das 19h
Churrasquinho Express, SCS, Quadra 5
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Foto: Vira Voto
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Paula Moraes Bittar