Eu não acho que a ioga, ou o yoga, é a resposta para os problemas de todo mundo. Mas certamente ela é uma parte da solução para meus problemas. Os dias em que pratico são aqueles em que me sinto mais presente, com a cabeça voando menos por aí, e menos ansiosa – esta ansiedade que carrego comigo desde que meu mundo é meu mundo. Poderia ser a natação, o balé ou a corrida. Mas, para mim, é a ioga.

Ela faz parte da minha vida desde que ela se chamava assim – ióga, com acento agudo –

e eu praticava com meu pai posturas chamadas de “gato” e “cachorro”, antes de virar adolescente e começar a achar tudo aquilo um saco. Trinta anos depois me pego sendo a mesma pessoa que meu pai foi: aquela que fica se alongando sem parar e faz a posição do “cachorro” em lugares públicos, envergonhando os próprios filhos. E o pior: me sentindo ótima assim.

Foi com meu pai também, que fazia “saudações ao sol” despretensiosamente todos os fins dos dias após o trabalho, que aprendi que ioga não é necessariamente coisa de gente zen, porque ele mesmo era tudo menos zen. Aliás, conheço um monte de gente doida praticando ioga, inclusive eu mesma, já oficialmente rotulada de “pessoa com problemas psiquiátricos”, quando tive síndrome do pânico. E o controle da respiração proporcionado pela ioga me ajudou, sim, senão a superar, pelo menos a suavizar o problema. Ou seja, a ioga pode ajudar gente doida a ficar menos doida e mais tranquila com si mesma.

Aliás, conheço um monte de gente cheia de sentimentos mesquinhos praticando ioga e sempre me pergunto o que seria delas sem a prática. Porque a ioga ajuda você a olhar para si. Se tiver um pouquinho de paciência, com o tempo, vai ser capaz de relacionar as dificuldades que têm com o corpo – seja de equilíbrio, de alongamento, de relaxamento – com as dificuldades que têm na condução da sua vida.

Onde?
Dito tudo isso, onde praticar em Brasília? Não tenho a pretensão de esgotar os lugares e professores, e nem de dar detalhes técnicos sobre as modalidades, mas apenas de contar minhas experiências, em locais diferentes da cidade.

Nos últimos seis anos, me apaixonei pela ioga Iyengar, que é um tipo de ioga sobretudo de alinhamento postural, no qual você fica muito tempo em cada postura e o professor vai corrigindo cada detalhe dela. Com essa prática, você vai perceber partes do seu corpo que nem sabia que existiam. Ajuda a ter foco, paciência e equilíbrio. É ioga para gente perfeccionista, sendo bem bobinha e simplista.

Eu me identifico e pratico uma vez por semana (com bastante pesar, por não conseguir ir mais) com a Daniella Caribé (da foto acima) ou com a Valeria Carvalho, no espaço Yoga Om. Lá, você pode pagar por um pacote de aulas e ir no horário que quiser, o que facilita bastante para quem vive na correria. No site, tem a grade horária.

Além de frequentar o Yoga Om, tento praticar Ashtanga em casa. A prática é tipo malhação pesada com consciência, sem esgotar o corpo. Mas, antes de praticar em casa (que pode ser um objetivo final), tem que frequentar aulas, para pegar a sequência de movimentos e aprender a respiração chamada pranayama, que acompanha as posturas e é super revigorante. Ioga do tipo que dá energia.

Eu já fiz aulas de Ashtanga com o Emmanuel Fonseca, no Instituto Ganapati; com a Ana Paulo Surita, no Bem-Estar Espaço Vida; e com a Patrícia Andrade, que atualmente dá aulas no Om Shanti Espaço de Yoga, e adorei todas.

Por fim, vai uma dica para quem quer tentar fazer ioga, mas não gosta de práticas sozinho. A Acro Yoga, que mistura ioga e acrobacia, é uma modalidade em que você sobretudo interage com o outro, embora desenvolva também concentração e força. De vez em quando, com a supervisão da Thais Joi, pratico com minha filha, que adora. A Thais dá aula toda quinta à noite e também promove imersões de acro em retiros em lugares deliciosos. Além disso, dá aulas no parque todo sábado, 9h, junto com o Coletivo Namaste. A contribuição é de 20 reais. Um bom jeito de experimentar!