Madrugada no Planalto Central. Os primeiros minutos de 21 de abril de 1960. Todas as autoridades do país estão reunidas para a missa em ação de graças celebrada ao ar livre em um altar montado na entrada do Supremo Tribunal Federal. O cardeal-arcebispo de Lisboa, que comandou a celebração, trazia o crucifixo de ferro usado na primeira missa do Brasil. Só o altar estava iluminado – Brasília inteira ouvia em silêncio e às escuras as bênçãos que lhe desejavam. De repente, durante a execução do Hino Nacional Brasileiro pela Banda dos Fuzileiros Navais, toda a iluminação da Esplanada dos Ministérios é acesa de uma só vez. Na primeira fila de cadeiras, o presidente Juscelino Kubitschek chora.
Um trabalho incrível me levou a ler muito, nos últimos tempos, sobre a inauguração de Brasília. Antes disso, eu nunca soube desse grand finale – que era na verdade, um grande começo – da madrugada daquele dia há 54 anos. Confesso que quase chorei junto com JK lendo essa descrição.
Num movimento duplo, tenho, ao mesmo tempo, me distanciado como nunca do discurso saudosista de todo 21 de abril. Me emociono com a inauguração da cidade com olhos bem abertos pro presente – pra galera que ocupa a cidade, pro PicNik, pros Criolinas, pro Forró de Vitrola, pras camisetas do Verdurão, pros monstrinhos de Brasília.
A cidade construída pela teimosia de um cara, com o trabalho duro de milhares de cabras da peste que ergueram na força do braço uma capital monumental em apenas três anos, está, finalmente, se construindo por conta própria. Está existindo. Brasília, agora, é.
Andamos feriadando bastante nos últimos dias, mas não poderia deixar o dia acabar sem lembrar vocês: PicNik bombando no Calçadão Norte, Orquestra Sinfônica no Olhos d’Água, Nação Zumbi e Paralamas na Esplanada. Escolha seu destino e comemore Brasília: ela é você.
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Urbanistas por Brasilia
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Ana Chalub
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PCdoB