A Água Mineral é nossa. E é pública.

Em 16 de setembro de 2016 por Carolina Nogueira

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O nome mesmo é Parque Nacional de Brasília, mas se não falar Água Mineral ninguém sabe o que é.

Duas piscinas de água corrente, cercadas por cerrado nativo por todos os lados, que dão acesso a trilhas que são uma viagem expressa à natureza viva do coração do Brasil. Você dá um mergulho, dá dois passos dentro da trilha e está no coração do Brasil. É uma Chapada dos Veadeiros de bolso. É uma pocket-cachoeira.

E assim como a água transparente e gelada percorre mil caminhos em cima e embaixo da terra, pelo cerrado afora, pra chegar e passar pelas suas piscinas, as gentes percorrem todos os caminhos dessa Brasília pra chegar à Água Mineral. Ela é o símbolo do espaço público, em uma cidade tão estratificada socialmente. Tão tristemente estratificada. É só a Água Mineral que é todas as Brasílias.

Porque tem coisa de que só a Água Mineral te salva. É ela o remédio perfeito pra mal de seca. Pra mal de ressaca. Pra mal de saudade de cachoeira. Pra mal existencial. De pedreiro a presidente de empresa, não tem Iate Clube que te renove que nem aquela água gelada. Tem coisa que só a Água Mineral na causa.

É o que me doi nessa história de privatização que o blog do Chico Sant’anna noticiou.

O ICMBio, órgão gestor do Parque, veio explicar que são duas medidas diferentes que serão tomadas em relação ao Parque num futuro próximo: uma é o revezamento entre o funcionamento das duas piscinas, para garantir melhor manutenção, de 20 de setembro até o final do ano – medida que já tinha sido tomada outras vezes. Outra coisa são “estudos para concessão de serviços”, algo que, segundo o Instituto, já acontece no Parque Nacional de Iguaçu e no da Tijuca, onde funciona o Cristo Redentor, no Rio.

A gente quer saber mais, ICMBio. Concessão de que serviços pra que? Pra quem usar? Quando a gente fala em Iguaçu e no Cristo Redentor, a gente pensa logo em turismo – e tudo bem, a gente gosta de turista, mas vamos ser claros: a Água Mineral é nosso quintal. A gente quer ela assim, desse jeitinho, como ela é hoje. A gente não quer mil outros serviços, a gente não quer o Beach Park, a gente não quer que o ingresso suba (mais).

A gente também quer saber mais do governador do DF. A gente sabe que o Parque é federal – mas quem frequenta o Parque é brasiliense demais da conta pra ele achar que essa conversa não é com ele.

É uma questão de filosofia, mesmo: não pode privatizar porque a Água Mineral é pública. Ela tem que ser pública. Ela é nossa. E ponto final.

Bora?

Água Mineral
Via Épia, Rodovia BR-450 , Km 8,5
3233-4553
Aberto todos os dias de 8h às 17h
Entrada a R$ 12

Berço das Águas
Filme sobre a Água Mineral, de Wesley Gondim e Andréa Alfaia, que linquei ali em cima, ilustra como poucas imagens que já vi a beleza desse Parque. Ele tem pré-estreia marcada no Cine Itaú dia 30 de setembro.