Desenhar é a coisa que eu mais amo fazer na vida – e de todas as coisas que eu faço, é a que mais me faz sofrer. Eu nunca acho que está bom. É uma relação tão profunda e mobilizadora que eu não consegui fazer do desenho a minha profissão. Fui salva pelo jornalismo pra poder amar o desenho. No fundo, obrigada, palavras.

Essa relação angustiada com a imagem fez com que eu nunca tenha querido aprender nada. Fugi de todas as aulas de técnica de desenho que fiz na vida, e foram várias. Não saí de nenhum ateliê com a sensação de ter feito coisa alguma. Pari meus dois livros a fórceps, e acho que vai ser assim pra sempre.

Minha grande surpresa recente é começar a gostar de que tenha sido e esteja sendo assim. Porque meu amor pelo desenho está intacto, a alegria do contato com o papel é toda minha – e minhas dúvidas e sofrimentos são só a prova de que tem muita vida ali.

Este verdadeiro livro sobre minha história de amor com o desenho que acabei de escrever neste post, na verdade, é só pra te fazer um convite. O Departamento de Artes Visuais da UnB promove, a partir de quarta-feira, o  1º Seminário de Teoria, Prática e Ensino do Desenho: O Rumor da Linha.

É um encontro de grandes nomes do desenho no Brasil, artistas, estudiosos, gente da arte de rua. Uma oportunidade de ouvir gigantes como Claudio Mubarac, as reflexões críticas sobre a prática do desenho do Eduardo Sterzi, além de alguns dos grandes artistas da cidade, como Ralph Gehre, Christus Nóbrega e um grande elenco tão lindo que já me arrependi de ter citado só alguns.

Tô verdadeiramente emocionada de ver a universidade sendo universidade – unindo tantas pontas diferentes da sociedade pra fazer pensar sobre a arte.

A generosidade do meu talentoso amigo Gregorio Soares, que organizou essa beleza aí todinha, me levou a mediar uma das mesas do seminário e ainda realizar uma (des)oficina de desenho pra crianças no sábado. Mas sobre isso eu falo amanhã – que como deu pra ver, eu tô empolgada e já escrevi demais.