Hoje deu vontade de festejar, de sair pelas ruas oferecendo abraços grátis, coxinhas gourmet e caviar da promoção. Festejar não o resultado da votação, mas algo milhões, zilhões de vezes melhor: o fim das eleições.
Finalmente, poderemos discutir coisas mais importantes do que o gaguejo de uma e o olhar vidrado do outro. Vamos nos reconciliar ao som do Hino Nacional tocado pela Timbalada e, num grande abraço coletivo, voltaremos a brigar por futebol, que é o que interessa neste país.
Chegaremos em casa correndo para abrir o facebook e postar a foto do prato do almoço, numa felicidade quase melancólica: “Época boa aquela, quando eu curtia o purê de batata do meu amigo”.
E por falar em amigo, vamos esquecer, deletar da nossa memória esses meses deprimentes em que pudemos conhecer a visão de mundo de alguns amigos, aqueles que espumam ódio no canto (direito ou esquerdo) da boca. Era tão bom quando nos conhecíamos menos…
Uma vez que descobrimos que a superficialidade é essencial para a manutenção da vida social, vamos festejar, porque nada menos profundo do que um abraço embriagado de euforia. Porque quando olhamos lá no fundo, bem no fundo do estômago de alguém, dá pra ouvir a amargura gritando: Vida, vida, vida, vida bandida.
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Rafaela Cyrino
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Anamaria Souza
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lidicematos