Uma das análises de que mais gosto diz que as passeatas vêm lembrar que os políticos têm um chefe e esse chefe é o povo. Em outro canto, já não lembro onde, li alguém defendendo, e isso se afina com a linha de raciocínio do Bucci, que sem os episódios de violência, o recado não teria, não, sido o mesmo. Só levantando cartazes talvez o recado não fosse tão claro. Sem falar no outro argumento, mais popular e fácil, de que vandalismo de verdade são as condições da educação e da saúde no Brasil.
Ouço tudo isso. Concordo em algum nível com tudo isso.
Mas não posso deixar de dizer que, para uma brasiliense como eu, o vandalismo dos prédios públicos dói. Daqui de onde estou, graças a uma educação burguesa e também graças à sensibilidade que tem quem aprendeu a amar a própria terra, cada pedra jogada contra o prédio do Itamaraty na quinta-feira passada doeu fisicamente, bem aqui, no meio do meu peito.
Não quero cobrar das massas, a fórceps, a despeito da educação que o Estado não garantiu a elas, a consciência do que representam os prédios de Niemeyer, as obras de Portinari, Athos Bulcão, Alfredo Volpi que estão lá dentro, acessíveis ao público. Não se pode cobrar isso, especialmente não dos muito jovens, nem dos radicais que o Marcos Dantas tão bem descreve, camada da população difícil de prever e fácil de manipular.
Mas posso – e devo – pedir: não machuquem nossos prédios públicos. Eles contam a história da nossa cidade. Eles testemunham a construção da Brasília. Eles são nosso patrimônio. São gigantescas obras de arte – e sem eles, Brasília não é Brasília.
Precisamos mesmo estar nas ruas. Precisamos mesmo ocupar o espaço que ocupamos. Endureçamos – mas sem perder a ternura.
* Foto roubada da internet, se for sua e você não quiser vê-la publicada aqui, nos mande um email.
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