Existe amor na W3 Sul, e ele tem forma de comida macrobiótica. A chef Vera Viana, 71 anos, abre sua casa desde 1984 para amigos, conhecidos e pessoas que buscam uma alimentação saudável. E, de terça à sexta, você pode reservar seu lugar à mesa.
É uma sorte partilhar da casa da Vera. O clima é de almoço em família, só que diferente de algumas famílias – a conversa é tranquila e respeitosa, mesmo quando o assunto é política. Vera cumpre o papel da mãe que enxerga as necessidades de cada filho e ama todos. Sempre tem uma gentileza pra falar (às vezes também uma bronca), mas nunca tenta catequizar com seu estilo de vida.
Há mais de 30 anos, ela divide sua casa com amigos como Alberto Queiroz, que almoça lá todos os dias em que as portas estão abertas e, de vez enquanto, vai para a cozinha aprender. “Minha convivência com a Vera tem a idade de meu filho mais velho: 22 anos. Se ele e o irmão conseguem distinguir comida de verdade de alimentos falsificados, é graças ao ensinamento e ao exemplo dela”, diz. “Quando vou ao encontro dessa comida maravilhosa, sinto grande felicidade, mas ao mesmo tempo me sinto um pouco constrangido por usufruir de tamanho privilégio: seria melhor e mais justo que mais pessoas descobrissem esse tesouro.”
Vera vai todo sábado de madrugada ao Ceasa, disputar os produtos orgânicos com donos de restaurantes. Sem ajudantes, ela lava, corta e cozinha os alimentos. Gostosuras de uma cozinha simples de folhas, legumes, arroz, bolinhos, pasteis e pães, que formam uma dieta equilibrada. Também tem doçuras: compotas, bolos e o melhor brownie do mundo sem manteiga.
Jorge Bittar, seu companheiro, ajuda no suporte tecnológico da cozinha e da casa, sempre arquitetando coisas para ajudar no dia a dia de Vera, que acorda 4 horas da manhã para começar a preparar a comida, às 6h vai correr e malhar, e na volta termina o almoço, que fica pronto 11h e com gente batendo na porta.
Antes de se especializar em comida macrobiótica, Vera era jornalista. Trabalhou para grandes jornais e rodou o mundo, mas agora só quer ficar na sua casa com seus bichinhos e recebendo seus amigos, que a atualizam sobre as notícias. Goiana, sempre gostou de cozinhar e se especializou com mestres da macrobiótica, como Tomio Kikuchi, que prega que o equilíbrio vem da comida e o desequilíbrio é a doença. A base de sua cozinha está na qualidade dos alimentos e nos princípios taoistas do Yin e Yang.
Moda nos anos 1980, a macrobiótica mantinha o antigo apartamento de Vera lotado de constituintes, entre eles Lula e Gabeira. Era tanta gente que a chef ficou esgotada e decidiu dar um tempo do público. Quando voltou, quis uma casa para dar mais tranquilidade e espaço. A onda macrô voltou com chefs como Bela Gil – o pai dela, Gilberto Gil, comia muito a comida de Vera quando morou em Brasília.
A filha de Vera, Maíra, foi criada sem remédios industrializados. Não que ela nunca tenha ficado doente, mas sempre foi curada por infusões e alimentos. Já adulta, Maíra trabalha com tecnologia, mas é apaixonada pela gastronomia e tem um blog onde também difunde os ensinamentos da mãe.
Quer experimentar a comida da Vera? É só ligar pra reservar: (61) 3225-9699. O almoço custa R$ 50 sem sopa e R$ 55 com. Sempre de terça a sexta, das 11h às 14h. O endereço, ela te passa por telefone.