Nem faz tanto tempo assim, vai. Eu tinha meus vinte e poucos anos e uma única certeza: a semana do Festival de Cinema era a melhor semana do ano.
Assistir antes de todo mundo os filmes que iam dar o que falar nos meses seguintes, ter artistas e cineastas nos ladeando na badalação, sessões de ótimo cinema nacional uma atrás da outra… Era tudo perto demais do paraíso para parecer real.
Tirando o tempo em que estive ocupada demais me tornando adulta, gestando e parindo, passei outros cinco longe de tudo isso. E depois de amanhã recomeça.
Trinta filmes na mostra competitiva, cinco categorias diferentes, exibições simultâneas em Brasília, Ceilândia, Sobradinho, Taguatinga, Gama.
O Festival de Cinema continua sendo o que sempre foi, apesar dos pesares: uma ocasião de sacudir a cidade e de se dizer – Brasília: foi para isso que você nasceu. Para questionar, para indagar, para perturbar.
Este ano há um incômodo a mais implícito: dos trinta filmes da mostra competitiva, só um é de Brasília. Sete são de Pernambuco.
A explicação pode estar, e este é só um palpite, na excelente perfomance do fundo de financiamento dos projetos culturais pernambucanos. No ano passado, o Funcultura de Pernambuco repassou R$ 11 milhões só para projetos de audiovisuais. Enquanto isso, o FAC…
Mas isso não vai tirar o brilho da festa, que este ano acontece no Teatro Nacional – por causa da reforma do Cine Brasília. Os coletivos de audiovisual da cidade prometem agitação e calor humano com o Colorbar, no foyer da Villa Lobos, e na festa de encerramento.
Já eu prometo que será bonito. Não importa o que aconteça, será bonito. O Festival sempre é.
Bora?
Só se for agora. Quero tudo.
-
Carmen Lustosa