Tenho um pezinho no Recife – e ao contrário do se diz por aí não é no Ricifi, nem muito menos no Récífe. A primeira coisa que as pessoas precisam saber sobre pernambucanos é que eles têm uma produção cultural muito rica, a segunda é que eles acham que são maiores e melhores que todo mundo em tudo e a terceira é que eles não gostam muito que a gente imite o sotaque deles (oi, Bruna!), inclusive porque quase sempre a gente erra.

Outra coisa importante de se saber sobre esse povo é que ele se dissemina pelo mundo com uma capacidade incrível – de onde ficam invariavelmente chorando de saudades de sua terra natal. É incrível a capacidade do pernambucano de ir embora, ficar morrendo de saudades e de compor músicas sobre isso. Recife é a melhor cidade do mundo pra se sentir saudades de.

Pra gente, fica a sorte que, mesmo a quilômetros de distância, conseguimos aproveitar as belezas criadas por aquelas cabeças incríveis – mas não vamos elogiar muito, eles já fazem isso muito bem sozinhos.

A Lara garimpou pra gente algumas pérolas pernambucanas em Brasília, como o designer gráfico e artista plástico pernambucano Ceó Pontual, que está em Brasília há uns sete anos. Ele sempre desenhou, mas foi há uns cinco anos que encontrou novos suportes para sua arte: tábuas e gamelas de madeira. Para pintar sobre a madeira, utiliza a posca, caneta com tinta à base d’água. As gamelas – artesanato dos índios Pataxó, do sul da Bahia – ganham sobretudo desenhos de pássaros, enquanto as tábuas (que podem ser penduradas ou postas sobre mesas e estantes) são ilustradas com imagens de santos.

O resultado, nos dois casos, é encantador – alegre, colorido, inspirador. Desses objetos que dá vontade de ter vários em casa.

Já as peças da marca pernambucana de bijuterias Studio Lama acabam de chegar a Brasília por meio da curadoria da loja Cápsula Design, no Liberty Mall. A marca existe desde 2015, e as peças são concepção da arquiteta recifense Natália Tapety. São brincos e colares de acrílico, produzidos a partir de técnicas de fabricação digital e ourivesaria. Os acessórios de design autoral são produzidos com máquinas como cortadoras a laser e impressoras 3D.

Não deixa de conhecer também a obra do artista plástico Rinaldo Silva, representado aqui em Brasília pela Pé Palito. Não é porque o cabra é meu amigo, não, mas a obra dele me toca e impressiona desde sempre: acho impulsivo, bonito, intenso, selvagem. Vale muito.

Bateu saudade de Recife?