Esquisitos os tempos em que nós vivemos, né? A polarização causada pelas redes sociais é tal que estamos, cada um no nosso extremo das nossas bolhas, indignados com os mesmos fatos por razões opostas.

Veja a lei do silêncio. Metade de nós quer ouvir música nos barzinhos, quer fazer carnaval. A outra metade quer dormir. Quer dizer: todo mundo quer dormir, mas tem uma galera que quer tanto dormir que não quer que ninguém ouça música nos barzinhos nem faça carnaval.

No meio dessa polêmica absurda, acontece um grito de carnaval que promete fazer a paz entre foliões e ermitões. O Carnaval Silencioso, promovido pela Andaime Cia de Teatro, propõe uma folia de rua, cheia de alegria, mas sem muito barulho. A turma chega de fones de ouvido, todo mundo sintoniza junto uma estação de rádio devidamente alimentada pelo repertório escolhido a dedo pelo DJ Ops e pronto: já é carnaval.

De longe, o que a gente vê são pessoas dançantes, fantasia, puro brilho, muita alegria – e pouco barulho. Pra quem está dentro, é carnaval de verdade.

Um carnaval meio blackmirror, verdade. O carnaval possível, submerso no mar de intolerância dos nossos tempos. Mas que funciona tanto como protesto e alerta quanto como farra e alegria – que no fundo, no fundo, é o que mais importa.