“Hoje não há razões para otimismo. Hoje só é possível ter esperança. Esperança é o oposto do otimismo. Otimismo é quando, sendo primavera do lado de fora, nasce a primavera do lado de dentro. Esperança é quando, sendo seca absoluta do lado de fora, continuam as fontes a borbulhar dentro do coração”. Com essa citação do Rubem Alves, te faço o mais revolucionário dos convites nos tempos atuais: ao diálogo.
Não estamos só divididos – estamos apaixonados pelas nossas próprias palavras. Estamos instagramicamente encantados pelas nossas próprias ideias, facebookianamente arrebatados por quem pensa como a gente. E proporcionalmente desgostosos de quem discorda de nós. O diálogo é a missão impossível dos nossos tempos, o desafio que mais conclama nossos esforços – que passam, inclusive e talvez principalmente, por vencermos a nós mesmos.
Comecei – e pretendo continuar – uma série de debates daqui do nosso Quadrado. E não podia ficar mais entusiasmada do que fiquei com essa ideia conjunta da Corina e da Criolina, de promover rodas de conversa em torno de mesa de bar.
A simples iniciativa das duas cervejarias já é atestado de bons antecedentes: olhando de fora, elas parecem concorrentes. Olhando de dentro, parecem empresas feitas de pessoas que acreditam que a mudança começa com cada um, a partir do bom, velho e esquecido diálogo.
O Política de Bar que inaugura a série, hoje, é sobre descriminalização das drogas – um debate tão polêmico quanto urgente e para o qual, estou convicta, a sociedade está mais pronta do que a gente pensa. Te parece um momento conservador?, que não permite aberturas dessa natureza? Como se explica então a profusão de tabacarias vendendo seda e cachimbos, um modelo de negócio rentável e difundido? A mão invisível do mercado, sempre ela, me parece indicar uma legalização que já é – só falta os legisladores perceberem. Pano pra manga pro debate – um espaço que precisa ser ocupado por quem pensa como eu e também exatamente o oposto.
O debate vai contar com Gabriel Elias, coordenador de Relações Institucionais da Plataforma Brasileira de Política de Drogas e Andrea Gallassi, professora da UnB e pós-doutora em dependência química. E com a gente, claro.
E o que a gente vai fazer com o que conversarmos hoje à noite? Não sei. Pensar. Cultivar sementes que tenham sido plantadas ali. Dormir e acordar em cima do que ainda não tínhamos pensado sobre. Até porque se alguém mudou o mundo em outro lugar que não tenha sido em torno de uma mesa de bar, desconheço.
Bora?
Política de Bar
Hoje, 04/10, a partir das 18h
No Galpão da Corina
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