Minha amiga Ana Chalub é assídua frequentadora do nosso Quadrado – e ela tirou da manga hoje uma dica daquelas que não se encaixam em categoria alguma: nem é um evento cultural, nem uma dica gastronômica. É apenas uma dica de sobrevivência! Especialmente pra quem faz as próprias unhas e sabe o valor de um alicate funcionando a toda. Com vocês a dica da Ana Chalub:
“Eu não faço as unhas toda semana. E, quando faço, não é em salão e sim em casa, by myself. Por isso me espantei quando pedi dicas, no Facebook, de um lugar onde amolar meu alicate e amigas me sugeriram o Quiosque do Alicate, na 315 norte – tão perto da minha casa e nunca tinha visto ou ouvido falar! Mais espantoso foi saber que ele existe há 22 anos! “Meu pai começou com um banquinho aqui na calçada, amolando os alicates e eu pequeno, do lado, treinando caligrafia”, me explicou Vinícius Ferreira, filho do Marcos Ferreira, que fundou o negócio. Além do Marcos, um irmão, Samuel, e o próprio Vinícius também amolam. Vinícius, de tanto treinar caligrafia, é quem faz gravações nas peças. Quando levei meu alicate cego pra amolar, o Caleb, quarto elemento da família que trabalha no Quiosque, logo me ofereceu a gravação. “É cortesia”, ele disse. “E vai ficar bonito porque a letra do meu primo é linda”.
O Quiosque recebe de 30 a 40 alicates por dia para amolar. Pra se ter uma ideia, no momento em que entreguei o meu, uma mulher tinha acabado de deixar seis. Muitas manicures procuram os serviços dos rapazes, acho que devia ser uma delas. Mas nem só de amolar alicates vive a família: quando estive lá de novo para buscar o meu, uma pessoa estava deixando duas lâminas de máquina de cortar cabelo. Lá dentro a gente vê produtos que atendem aos interesses das frequentadoras de salão (e aos próprios donos de salão, imagino): esmaltes, vidros grandes de acetona, secadores, chapinhas e escovas de cabelo, finalizadores de penteados, borrifadores e até cera pra depilação.
Na placa do estabelecimento se lê “Quiosque do Alicate e relojoeiro”. Por isso, também vemos pulseiras e baterias pra relógios, pilhas, tesouras e até um par de chinelos de borracha eu vi lá. No meio de tanta coisa, chama a atenção a foto emoldurada de uma criança. “É meu irmãozinho”, diz Vinícius. Todo orgulhoso, ele conta que o irmão pequeno é bem estudioso e esperto e que, volta e meia, está no quiosque vendo pai, irmão, tio e primo trabalhando enquanto treina caligrafia. Acho que já sei como continua a história da família Ferreira…”
Bora?
Quiosque do Alicate
CLN 315 Bloco A Quiosque 61
Aberto de segunda a sábado, das 9h às 18h
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Daniela Ramalho Ibiapina
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Claudia Brasil